sábado, 30 de maio de 2009

abusos

No lugar onde faço balé também tem uma academia. Na academia sempre tem um louco tarado que vem cumprimentar as bailarinas e tentar, num aperto de mão, roçar seus seios. Correm boatos que uma vez ele agarrou a professora de ginástica e foram precisos 5 homens pra segurá-lo. Nós desenvolvemos técnicas para evitar certos abusos, como segurar as duas mãos quando é inevitável cumprimentar, começar a treinar piruetas e fouets quando ele entrar na sala, entre outras.
Na faculdade em que eu costumava estudar, estamos em greve. São feitas reuniões diárias, com discursos acalorados e esse tipo de coisa típica de movimento estudantil e o caralho a quatro. Eu vejo algumas pessoas distorcerem informações e não consigo, ou não quero desenvolver técnicas para evitar esses abusos.
Na verdade, o tarado da academia faz a mesma coisa que esses ditos representantes discentes.
Um dia ainda grito 'tarado, eu sei que você só faz isso pra relar sua mão nojenta no meu peito' ou 'sr. delegado de greve, eu sei que você só faz isso por ...' aí complica, eu não sei porquê.
Complicado de explicar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

em greve e ocupada

"E aí, casa cheia?" é a típica pergunta da minha irmã (no lugar de "tudo bem?" ou "como vai")

Respondo. Puta, Isa, casa cheíssima.
O gramado da unesp tá inteirinho ocupado por cadeiras ocupadas por pessoas (era o mínimo que eu esperava, ela colocaria aqui).
Eu fico estranhamente tocada por grandes aglomerações de pessoas. Shows ou assembléias.
Fico achando que alguma coisa une a multidão, e seja música ou seja política estudantil, essa coisa é muito forte.

Agora eu vou voltar a ocupar a minha cadeira, que está ocupada somente pelos livros que vão ficar comigo durante a greve.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

sei lá.

Fui andando pela cidade. Escolhi o caminho tortuoso. Virei em todas esquinas. Todas mesmo. Talvez para evitar as subidas, talvez porque seguir a retidão me parecesse errado.

"pra me danar por essa estrada, mundo a fora, ir embora, sem sair do meu lugar" cantou marcelo camelo pelos meus fones enquanto meus pés seguiam pisando só no branco.

Toda caminhada foi em vão. A loja até tinha o que eu procurava, mas somente por encomenda e não a pronta entrega. Eu não encomendei.

Vi seis fuscas azuis.

Voltei pra casa de ônibus. Comprei café. E quando entrei meus fones cantaram na voz de kurt "my girl, my girl, don't lie to me. tell me where did you sleep last night."

E eu me respondi: é que greve é meio que como férias. sei lá.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

MLIA

www.new.mylifeisavarage.com

Eu podia estar estudando, podia estar bebendo, podia estar dormindo, podia estar terminando o sudoku que não consegui terminar na aula. Mas não, eu estou lendo sobre comentários medíocres de vidas medíocres, pensando na minha mediocridade.

Hoje eu enchi minha garrafinha de água e esqueci de pegar antes de sair de casa.
Ontem minha bolinha de jogar na parede quicou pra algum lugar escondido e eu não fui procurar.
A campainha tocou e eu abri o portão.
Eu sorteei minha carta do dia, era o Rei de Espadas. (caso vc se pergunte, Hev, o conselho era: é importante buscar a sabedoria de alguém mais velho)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu sou de escorpião.

Na semana em que Carandiru estreou no cinema eu fui ao shopping comer yakissoba com minha mãe. Ela viu o cartaz e falou "a gente vem assistir quarta, pode ser?". Eu comi o yakissoba e na saída parei na frente do cartaz, olhei por um tempo, não sei quanto tempo. Ela perguntou "que foi?" e eu "Nem vou assistir esse filme, não quero mesmo."

Talvez naquela época eu já tivesse entendido os clichês do cinema brasileiro e soubesse que Carandiru era só mais um desses filmes com Lázaro Ramos, Wagner Moura e Rodrigo Santoro (quando ele ainda fazia cinema brasileiro) que retratava superficial e sensacionalistamente alguma faceta da desgraça brasileira. Ou talvez eu só não soubesse, como ainda não sei, lidar com falta de higiene, sangue e morte.

Daí, no domingo a noite, eu resolvi assistir. Seria melhor não ter assistido. Não é que eu me arrependa das horas que passei na frente da tv, mas é que eu já sabia o que ia acontecer e mesmo assim eu assisti.

Foi teimosia minha. Foi teimosia minha.
Todas essas coisas que eu faço mesmo sabendo que não podem fazer bem, são teimosia minha.
Raiva de quem come cachorro quente self service que passou o dia todo no sol e depois ainda se pergunta por que tem dor de barriga.

Dissimuladamente, simplifiquei minha dissimulação propositada com a idéia: é porque eu sou de escorpião.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Por que eu sou tão controvérsa?

Por que as vezes eu fico tão satisfeita com coisas que me incomodam e por que as vezes eu fico tão incomodada com coisas que me satisfazem?
Por que a gente espera tanto por um momento e ele passa tão rápido?

Porque músicas sempre tem um fim, por melhores que sejam e por mais que te completem. E quando ela acaba, o palco deve ficar vazio.
As vezes eu queria só largar a faculdade e viver como Miss Penny Lane, ter uma overdose só pra ver se alguém me salva.
As vezes eu minto.
As vezes eu falo a verdade e faço parecer ironia.
Não se pode confiar em mim. Eu não posso confiar em mim.
Sou um poço de controvérsias mergulhadas no conhaque que estava escondido atrás do açucareiro.

Mas nada disso importa.
Porque todo mundo vive num mundo tão particular.
Todo mundo só quer ser salvo. E eu sou só mais uma pessoa perdida.
E eu, eu continuarei dizendo boa tarde pra velhinhos na rua e aconselhando qual a melhor tapioca pra quem tem larica.

As vezes eu olho no relógio só pra ver se tem alguém comigo.
[eu devo ir não há mais sentido
nos resta se juntar
quem sou eu já não importa
nem nunca importou
- vanguart]

terça-feira, 12 de maio de 2009

Juízo

Tenho prova de política quarta. Ainda não li nenhum texto inteiro. Não assisti nenhuma aula inteira. E resolvi não voltar pra faculdade pra poder subir no palco que cresci e que não visito há tanto tempo. Também tenho crises de enxaqueca a cada quatro horas e o remédio me dá sono. Logo, não consigo estudar.
Enquanto eu mais uma vez me afundava nas almofadas da sala e reclamava por não conseguir estudar, minha mãe perguntou "quando é que você vai criar juízo?" eu disse "quando ele nasceu você pagou pro dentista arrancar".

domingo, 10 de maio de 2009

Ah, a maternidade

Sexta feira eu me dobrei e desdobrei pra ver meu irmão dançando na escolinha. Assustei ao ver as mães presentes.Uma reunião de mulheres com o cabelo igual, com roupas que ontem estavam numa vitrine bem iluminada e com ares hype, que se preocupam mais em não sujar a calça do que em sentar no chão da quadra pra dar um beijo no filho. Então isso é que é elite, concluí. Até anotei umas coisas que ouvi pelos corredores.
"Que apresentação linda, meu filho" diz mãe com uma voz fria, parecendo que treinou essa demonstração de afetividade no espelho antes de sair de casa.
"Gordo, que lindo" diz a menina que engravidou quando fazia o 1o colegial comigo quando seu filho bochechudo entregou o presente.
"Deixa eu arrancar essa coisa horrível, fotoshop..." diz mãe arrancando a foto que mostrava ela abraçada a sua filha na porta da sala
"Meu carro tá tomando chuva" diz mãe arrastando seu filho pelo braço pra ir embora logo

O mais legal /contraditório foi ver essas mulheres com terninhos combinando com o colhar, o brinco, o sapato e a bolsa se acotovelando pra proteger da chuva (quem tá na chuva é pra se molhar, e nenhuma delas poderia sujeitar o cabelo à chuva) e atacando as mesas com torradinhas, patês e chá da dona Maria (que é a coisa que eu sinto mais falta da escola).

Como disse a Isadora "essa festa foi pavê ou pacomê?"

obs: Greg estava lindo.
obs2: os presentes de todas mães eram iguais, diria que pra combinar com o cabelo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ressaca

Queria pedir a meus novos vizinhos que enfiassem a porra daquele cachorro filhote e peludo no rabo e peidassem pra ver se ele continua uivando. Merda.

se eu parar de respirar será que ele pára de latir?


terça-feira, 5 de maio de 2009

Hora de ter hora

Ontem nós colocamos a pilha de volta no relógio. Tínhamos a perdido quando escondemos o relógio para a festa, que aconteceu há mais de um mês.
Ela disse: mas é tão bom ser sempre 4h25
Eu disse: tá na hora do tempo passar.
Os ponteiros voltaram a girar, o tic tac voltou a ressoar e a hora voltou a existir.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pressione o botão.

Eu estava sentindo o vento gelado numa mesa isolada no rolê.
Eu sorri. Sorriso tão gostoso e sincero.
Ali, naquele momento de espaço e tempo, minha mesa estava cheia de gente que eu conheço há muito tempo e há muito pouco tempo.
Eles compartilham meu riso, eles barram o vento e sentem frio comigo, eles me abraçam, eles me carregam quando não consigo andar, eles dançam comigo mesmo quando não posso dançar, eles cospem refrigerante na mesa quando riem, eles furtam quadros de gordas no banheiro, eles simulam suicídio em árvores, eles vem pra casa comer batata crua e batata frita, eles tomam o café que eu passei, eles me fazem companhia por toda madrugada e se despedem pedindo por um pouco mais de riso (imitar o ravel da dulce, no caso).
[suspiro com sorriso] eles me dão razão pra sorrir. e a melhor razão, que é ver o riso deles também.


nota1: É campeão!
nota2: Yann Tiersen - Tabarly