sexta-feira, 23 de setembro de 2011

o mundo todo suspenso, esperando. o vento atiçado, esperando. as nuvens cheias, esperando. as ruas vazias, esperando. as luzes automáticas se acendendo no meio da tarde, esperando. a árvore se balançando, esperando. eu na janela, esperando. logo, logo deus grita "ação", e a gente vê o que acontece.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

inferno astral

toc toc
oba! e aí? quanto tempo, hein?entra, fiz um café. já tava te esperando. é, amigo, 21 primaveras, não me pega mais desprevinida. senta, se aconchega, pode pegar minhas almofadas, meu conforto, minhas cobertas. quer minha paz também? não precisava nem pedir, já coloquei aqui nessa caixinha pra você cuidar. mais alguma coisa? não, só isso por enquanto? óquei. assim que decidir o que mais me avisa, tá? ou não, não avisa, me assusta, como você preferir. agora escuta: pode estragar tudo, acabar com tudo, esfregar minha cara no asfalto, arrancar os meus cabelos e tudo o mais; mas que fique avisado, vai ter troco. beleza? beleza. agora dá licença que eu tenho que fingir que você não está aqui, à minha volta. boa noite.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

os quês dos quais e poréns

parei de beber. já faz um tempo. já passei por provações, continuo sem beber.
pensei em falar que decidi entrar pro a.a. mas não entrei. só enchi meu próprio saco de tanto encher o saco dos outros. não quero nunca mais ter que pedir desculpas pra ninguém porque fiz besteira. não quero mais ficar remoendo mágoa porque não consigo me perdoar pelas coisas que fiz. simples assim.
tenho me sentido muito bem com isso, obrigada. continuo chata. eu sou chata. não é a sobriedade que vai me impedir de trocar o chip do celular das pessoas quando elas não estiverem prestando atenção, ou lavar minha cara de pau e me obrigar a sempre fazer a coisa certa. as vezes eu não quero mesmo, fazer o quê.
tem sido ótimo. o único problema disso tudo na verdade é a insônia.
sim, a boa, velha, amiga, querida, insuportável, nauseante e constante insônia. era muito mais fácil encostar a cabeça no travesseiro e apagar quando já estava meio inconsciente. agora é horrível. não consigo mais. eu tento, tento mesmo. mas não tenho a menor vontade de dormir. não vejo mais por que dormir se ainda tenho tantas coisas pra fazer. se ainda tenho consciência para fazê-las. não que eu as faça, óbvio. é só mais um tempo que passo enrolando pra me formar. vendo as fotos alheias no feicebuque, escrevendo qualquer besteira que nunca mais vou ler, limpando a casa, abrindo a janela pra sorrir pros pássaros.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

diz-que-deu-diz-que-dá

te juro que se existir deus ele resolveu tirar férias.
deixou o mundo ao deus-dará. as pessoas não estão fazendo muito sentido, não. as coisas não estão no lugar que deveriam. as rotinas perderam sua hora de acontecer.
cansei de entortar a cabeça pra tentar entender os oquês, porquês, ondes, quais e quandos.
já até parei de falar que as pessoas estão drogadas só porque não fazem uma só afirmação com sentido.
se o clima está louco, meus médicos estão loucos, meus hormônios estão loucos, meus amigos estão loucos, os aparelhos eletrônicos estão loucos, quem sou eu pra impedir tudo isso de acontecer.
vou sentar aqui no meu cantinho, sozinha, comportadinha, como tenho feito já há algum tempo e esperar deus voltar de férias e colocar tudo no lugar. daí os termômetros vão agir como devem, minhas comidas voltarão a ficar saborosas, as pessoas voltarão a fazer sentido e eu vou desentortar a cabeça.


deus,
volta logo, por favor.
abracinho,
iris