domingo, 18 de dezembro de 2011

embora não se saiba


as coisas foram embora. fiquei sozinha, sendo levada embora. indo embora embora não se saiba pra onde. esperando nesse lugar vazio e esvaziando esse lugar de mim. andando pelos cômodos vendo as nesgas minhas que foram ficando. o macarrão que ficou embaixo do fogão que foi embora. o cabelo que fica no ralo que vai ficar.os escritos nas paredes que vou ter de apagar.

e tudo que eu deixo, e tudo que eu levo. não perco. não perco e não perderei. os papéis que acumulei e jogo fora. o cabelo que cresceu e corto. o furo que martelei na parede e cubro. estão todos em mim, presos na memória inacessível. não me esvazio de nada. todos pedaços de mim foi esse tempo que fez essa gente que fez esse lugar que fez. torno-as tão minhas porque os carrego nelas. e nelas escrevo minha história.

já está escrito.



tudo que duramente passa
tudo que passageiramente dura
tudo, tudo, tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura,
de ver que viver não tem cura
- leminski


a escrivaninha era do meu tio que foi embora nessa quarta feira. e também carrego comigo. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

EU SÓ QUERIA ESTUDAR

Eu cheguei à universidade querendo conhecer o mundo. Queria entender direitinho porque as coisas são como elas são, e como torná-las melhor. Cheguei achando que ia aprender como tornar o mundo mais justo, mais igualitário, mais democrático. Pensei, com toda minha ingenuidade, que numa universidade pública bancada com o dinheirinho suado do trabalhador que paga impostos aprenderia como tornar a vida dele mais aceitável.

Afinal, com todas essas cabeças pensantes era impossível que eu saísse daqui sem saber como garantir que toda mesa tivesse comida, que toda criança tivesse cama, que toda casa tivesse luz, que cada indivíduo fosse sujeito de seu próprio destino e tivesse capacidade de decisão, de participação, de ação e o que mais quisesse.

Ledo engano.

Sabe o que eu aprendi aqui? Aprendi como manter a ordem, aprendi como explorar o trabalhador, aprendi a lucrar, aprendi que ter um emprego que pague muito bem é a melhor e única coisa que você pode querer.

Sabe o que mais? Eu aprendi que se você vai contra a ordem, que se você prefere que todos tenham dinheiro ao invés de ter todo o dinheiro do mundo, que você é um louco, problemático, vermelhinho e revolucionário de meia tigela. Aprendi também que o que você merece por lutar contra a ordem é repressão. É que a polícia ponha ordem no lugar, que a mídia coloque todas suas causas num cigarro de maconha.

E eu tirei tantas lições desses meus aprendizados de faculdade. Entendi tanta coisa bem maior, sobre a índole das pessoas e das multidões, sobre o capitalismo assassino e o socialismo utópico.

Eu só queria estudar, eu só queria um mundo melhor. Mas não, eu sou obrigada o ouvir gente repetindo notícia que nem papagaio pra pedir por um dia de aula. Sou obrigada a ouvir gente defendendo a repressão. Sou obrigada a ouvir gente defendendo que toda a tropa de choque de São Paulo ataque, violente e prenda 70 estudantes que estão lutando pelo que acreditam.

Tô chocada, boquiaberta, aparvalhada e embasbacada desde que liguei a TV ontem de manhã e achei que fosse um desfile cívico. E o pior, é que eu não estranho nadinha, a reação de uma pessoas sequer.

Eu só queria estudar. Vocês só querem participar e manter a ordem imposta.


te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
transformam o país inteiro num puteiro 
porque assim se ganha mais dinheiro

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Júpiter



morro de medo de gato. quem de vocês já me viu na presença de uma gato sabe bem.

tem o famoso episódio de quando eu estava bebendo no sofá do meu filho Gabriel Smith e quando percebi que tinha um gato dormindo no mesmo comecei a chorar. e o famoso episódio de quando entrou um gato na casa do meu amigo Eduardo e eu corri pela casa inteira. tudo por causa do meu famoso gato Simba, que mordia mão que dava bobeira pra fora do sofá e gostava de pururuca.

daí ontem aconteceu o famoso episódio do gato do meu prédio que resolveu entrar em casa comigo.

é uma gata. descobri. e eu não sei o que fazer com a gata.

eu não sou uma pessoa de gatos, obviamente, porque eu tenho medo deles.

também não é o caso de fazer um famoso anúncio de adoção no facebook, porque ela não é uma gata de rua. não é maltrapilha, suja e magra. pelo contrário.

não sei se ela está gravidinha. morro de medo.
não sei se ela é um animatron, sabe, igual o gato da sabrina, uma bruxinha em [insira aqui cidade turística]. morro de medo.
não sei se devo dar um nome, levar no veterinário e a declarar minha gata. morro de medo.

enquanto eu não sei de nada, ela fica andando pela casa, subindo no que der pra subir, atacando meu pufe e dormindo nele; e me olhando com cara de quem é muito mais inteligente que eu quando eu canto Los Canos pra ela.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

sossega, coração

já disse que na minha época de escola eu não era a pessoa mais popular do mundo, né. que eu tinha várias cricas com várias pessoas, queria me matar de desgosto pelas coisas que ouvia pelos corredores e nas salas de aula. detestava com afinco quase todo mundo que me cercava.

eu chorava, esperneava, dizia pra minha mãe que não queria ir pra escola.

não que eu fosse a rebecca black e não aguentasse quando as meninas diziam "sabe que dia é hoje, rebecca?".

não, nada disso. eu só não tinha assunto com as pessoas, achava idiota tudo que diziam, não me sentia confortável com o tipo de humor que eles usavam.

daí minha mãe dizia 'calma, minha filha, eu sei que eles não são seu tipo de gente, que eles não tem nada a ver com você. mas fica tranquila, porque quando você for pra faculdade vai ser bem mais legal. vão ter pessoas com os mesmos interesses que você, afinal, escolheram o mesmo curso. sossega, coração"

claro que ela não dizia assim, porque minha mãe não é personagem de filme brasileiro dos anos 60 pra falar "sossega, coração".

mas era essa a linha de raciocínio. então, mãe, só que não é assim que funcionou.

eu tenho várias cricas com várias pessoas, quero me matar de desgosto pelas coisas que ouço pelos corredores e nas salas de aula. detesto com afinco quase todo mundo que me cerca.

você entende, mãe, que não posso forçar as pessoas a pensarem do meu jeito, e muito menos pensar do mesmo jeito que eles? que isso não muda com a idade, que isso não muda com o lugar, que isso não muda com o clima. sempre vai ter a sociedade e sempre vai ter eu na margem.

entende, mãe, que se teve alguma coisa que mudou foi que só agora eu percebi que a margem também tá cheia. tem um monte de gente comigo.

e que se eu falo que vou casar com duas meninas, que meu fornecedor de drogas foi preso e por isso não vou conseguir terminar a faculdade, que meus roxos são do bate cabeça, que almocei ervilhas com magic toast, que escorreguei na grama cortada e todas essas coisas; não é que eu seja lésbica-polígama-drogada-burra-punk-pobre-anoréxica-desajeitada; é que eu não ligo. e eu queria tanto que você não ligasse também.

só que você é você, você não é minha mãe, entende?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

o mundo todo suspenso, esperando. o vento atiçado, esperando. as nuvens cheias, esperando. as ruas vazias, esperando. as luzes automáticas se acendendo no meio da tarde, esperando. a árvore se balançando, esperando. eu na janela, esperando. logo, logo deus grita "ação", e a gente vê o que acontece.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

inferno astral

toc toc
oba! e aí? quanto tempo, hein?entra, fiz um café. já tava te esperando. é, amigo, 21 primaveras, não me pega mais desprevinida. senta, se aconchega, pode pegar minhas almofadas, meu conforto, minhas cobertas. quer minha paz também? não precisava nem pedir, já coloquei aqui nessa caixinha pra você cuidar. mais alguma coisa? não, só isso por enquanto? óquei. assim que decidir o que mais me avisa, tá? ou não, não avisa, me assusta, como você preferir. agora escuta: pode estragar tudo, acabar com tudo, esfregar minha cara no asfalto, arrancar os meus cabelos e tudo o mais; mas que fique avisado, vai ter troco. beleza? beleza. agora dá licença que eu tenho que fingir que você não está aqui, à minha volta. boa noite.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

os quês dos quais e poréns

parei de beber. já faz um tempo. já passei por provações, continuo sem beber.
pensei em falar que decidi entrar pro a.a. mas não entrei. só enchi meu próprio saco de tanto encher o saco dos outros. não quero nunca mais ter que pedir desculpas pra ninguém porque fiz besteira. não quero mais ficar remoendo mágoa porque não consigo me perdoar pelas coisas que fiz. simples assim.
tenho me sentido muito bem com isso, obrigada. continuo chata. eu sou chata. não é a sobriedade que vai me impedir de trocar o chip do celular das pessoas quando elas não estiverem prestando atenção, ou lavar minha cara de pau e me obrigar a sempre fazer a coisa certa. as vezes eu não quero mesmo, fazer o quê.
tem sido ótimo. o único problema disso tudo na verdade é a insônia.
sim, a boa, velha, amiga, querida, insuportável, nauseante e constante insônia. era muito mais fácil encostar a cabeça no travesseiro e apagar quando já estava meio inconsciente. agora é horrível. não consigo mais. eu tento, tento mesmo. mas não tenho a menor vontade de dormir. não vejo mais por que dormir se ainda tenho tantas coisas pra fazer. se ainda tenho consciência para fazê-las. não que eu as faça, óbvio. é só mais um tempo que passo enrolando pra me formar. vendo as fotos alheias no feicebuque, escrevendo qualquer besteira que nunca mais vou ler, limpando a casa, abrindo a janela pra sorrir pros pássaros.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

diz-que-deu-diz-que-dá

te juro que se existir deus ele resolveu tirar férias.
deixou o mundo ao deus-dará. as pessoas não estão fazendo muito sentido, não. as coisas não estão no lugar que deveriam. as rotinas perderam sua hora de acontecer.
cansei de entortar a cabeça pra tentar entender os oquês, porquês, ondes, quais e quandos.
já até parei de falar que as pessoas estão drogadas só porque não fazem uma só afirmação com sentido.
se o clima está louco, meus médicos estão loucos, meus hormônios estão loucos, meus amigos estão loucos, os aparelhos eletrônicos estão loucos, quem sou eu pra impedir tudo isso de acontecer.
vou sentar aqui no meu cantinho, sozinha, comportadinha, como tenho feito já há algum tempo e esperar deus voltar de férias e colocar tudo no lugar. daí os termômetros vão agir como devem, minhas comidas voltarão a ficar saborosas, as pessoas voltarão a fazer sentido e eu vou desentortar a cabeça.


deus,
volta logo, por favor.
abracinho,
iris

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

adoce a-gosto

no fim
só sobrei
inerte
com a chuva pingando
no corpo
-jazido-
mistura de pingo
chuva suor lágrima
céu piscando
relâmpago sinapse trovão
vento calafrio banho quente

tira de mim, deus, o que não sei assumir



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

o futuro brilhante de uma mente sem lembranças

hoje achei que ia ser expulsa do inglês, porque critiquei a propaganda da coca-cola
daí descambou pra pior. não quero mais fazer mestrado, trainee ou concurso em brasília.

escrevi uma página de planos possíveis para sobreviver
me mandaram cortar o "virar freira" mas toparam o "stripper diferenciada".

mas, pelo menos, o marquinho falou que me contrata, se bem que deve ser brincadeira.
o futuro distante, todos concordam, sem contestações, que é o alcoolismo.

me responde, então, pra quê eu passei os últimos anos na faculdade?
acho que foi só pra ter certeza de que não quero nada disso.

foi bom. muito bom, assumo. mas e agora?
a faculdade é que nem casamento fracassado.
marca sua vida mas não se leva nada.
diploma? grande bosta.

domingo, 21 de agosto de 2011

- Olha, eu tô de Amy.
- Você cheirou cocaína?
- Não.
- Então não tá. 

*todos observem o semblante de reprovação do rapaz a direita

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"A" tê pê emê das tê pê emês

sintoma 1: suas coisas não te bastam. sua carteira milenar está completamente rasgada, sua bolsa recosturada infinitamente está encardida pelas recorrentes derrubadas de café, seus sapatos não te entram, suas blusas são todas da mesma cor e te falta emergencialmente um esmalte daquela tonalidade que não existe (igual aquela fome da comida indefinida que não é nada que esteja ao seu alcance).

sintoma 2: você se irrita com suas faltas e decide sair para comprá-las, afinal, cartão de crédito foi inventado para isso, para mulheres com suas emergenciais necessidades de tê pê emê. eis que nenhuma loja tem aquilo que você quer, e se tem, não era exatamente aquilo. e aí você começa a se irritar porque não fabricam as coisas do jeito que você gosta, que você quer, que você precisa, arrrggg.

sintoma 3: você nota que sua irritação devem ser seus hormônios brincando de playground com as suas emoções e fica irritada consigo mesma por não conseguir controlar seus irritantes impulsos e passa a procurar possíveis remédios e distrações. comida pode funcionar, chocolate muito provavelmente também seja eficaz, passar o esmalte que não era exatamente aquele que você queria também ajuda (aqui partindo daquela teoria de que quando tudo está na merda, você deve fazer a unha para retomar as coisas nos devidos trilhos).

sintoma 4: seus remédios e distrações não funcionam porque agora você já percebeu que murphy está na sua cola, fazendo tudo para tornar sua existência um pouco mais complicada e/ou dificultosa. deve-se notar que isso é alucinação, e que a alucinação é o quarto sintoma e não a onipresença de murphy. é aí que você se resigna e tenta viver sua vida normalmente só para tentar provar que você é mais forte que seus próprios hormônios e seus sintomas acompanhantes.

sintoma 5: você é incapaz de seguir sua vida normalmente. os textos que você tem que ler são mais chatos que o normal. o professor fala mais abobrinha que o normal. seus colegas de classe são piores que o normal. a água do bebedouro está mais quente que o normal. o café está mais frio que o normal. o tempo demora mais para passar do que o normal. seu pé está mais inchado que o normal. o clima está mais inconstante que o normal. sua casa está mais suja que o normal. seu time está jogando pior do que o normal. os comentadores estão mais cricas que o normal.

sintoma 6: você nota, sempre da pior maneira possível, que está, você mesma, também mais chata que o normal e começa e se irritar consigo própria. eu, por exemplo fico falando repetidamente das coisas que me irritam e irritando as pessoas ao redor e reclamando incessantemente para pessoas que não tem nada a ver com os meus problemas imaginários. fico repetindo que quero ter a cabeça martelada até a morte por um dicionário de política do bobbio, porque é nele que resolvi resumir todos os problemas imaginários ou não de toda minha existência. é provável também que quando você notar que não existe mais ninguém para te ouvir reclamar você escreva um post muito longo de reclamações.

sintoma 7: finalmente, chegando ao ápice da sua irritação, chegando ao ponto da súplica pelo autoflagelamento, você resolve se animar ouvindo música, assistindo um filme, lendo um livro, fazendo seus trabalhos, sei lá, fazendo artesanato. é aí, que você começa a chorar, lembrando como foi idiota e inoportuna o dia inteiro e decidindo se trancar em casa, sem contato com o mundo exterior enquanto durar "A" tê pê emê das tê pê emês.

obs: toda tê pê emê é "A" tê pê emê das tê pê emês.

sábado, 6 de agosto de 2011

sim, eu penso em você o tempo todo desde a última vez que levantei da sua cama

domingo, 3 de julho de 2011

Mini diálogo online

Iris: Mãe, a minha torneira da cozinha não fecha.
Mãe: Chama um encanador.
Iris: Mas é domingo.
Mãe: [insira aqui a propaganda de um encanador 24 horas]
Iris: Mas tá passando jogo do Brasil.
Mãe: E daí?
Iris: Daí que eu prefiro acabar com a água do mundo do que com a alegria de domingo de um encanador.
Mãe: Menina tão criativa fazendo essas coisas, não acho graça não. Vai, vai, desliga essa merda.
Iris: O computador?
Mãe: Não, besta. A TV.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Oi.
Para que conste, eu estou na casa de um desconhecido, possivelmente psicopata, uma vez que ele afirnou estar na metade do plano.
São -5:46 e já estou há consideravelmente bastante tempo aqui sentada neste colchão e bebendo deste conhaque. O singelo rapaz que nos convidou a sua residência agora tem a lingua entranhada nas entranças dela e eu continuo aqui ouvindo Bob Dylan e Macy Gray e Fiona Apple. Ele não tinha conhecimento deste conteúdo em seu computador mas tinha.
E aqui continuamos, nós três no colchão. Eu escrevendo qualque coisa e eles se pegando ao meu lado.
Ela pergunta o que faço e eu respondo para voltar ao que fazia. Ela sugere "vamos embora" pela trocentésima vez. Não, me deixa em paz, que eu quero escrever. Há tanto tempo não escrevo assim, qualquer coisa que não seja ao som da música de desconhecidos e/ou sobre Cuba. Por mim ficava pra sempre aqui longe do meu objeto de pesquisa, longe do meu celular, longe da minha realidade, longe de qualqur outra coisa que possa existir. É só aqui e aqui é que eu gosto. Longe de tudo, perto só d mim e com muito alcóol e com teclado. Viva a internet. Viva a despensa. Viva o conhaque. Viva nossas semelhanças. Viva eu, viva tudo, viva o chico barrigudo.
Pai, não leia isso, e se ler desconsidere porque eu não estou me pegando com o desconhecido, é ela que está.
Beijo para todas.
Uma madrugada/manhã perfeita para todas e espero estar logo com meu celular, bêbada o suficiente para utilizá-lo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

FUGIO

Campanha pró-Iriscomdignidade
Ninguém deixa eu beber cerveja pq já to bebendo conhaque.
Ninguém deixa eu fazer pole dance.
Ninguém deixa eu pegar a pessoa mais Z da festa.
Ninguém deixa eu ligar bêbada pro D.

Tô começando a ficar com calor e com dor de cabeça.

Ninguém deixa eu tomar remédio que da última vez eu fiquei rolando no chão na virada cultural e achei que ia morrer.

All you need is love

Todo amor é eterno, se não é eterno não é amor.
Tão certo como toda vida merece ser vivida, todo amor merece ser amado.
E sim, o amor só te fode no rabo. Mas a vida também. Fazer o quê?
É, é verdade que nesse mundo só existe um bando de canalhas, mentirosos, covardes, tratantes, etc etc etc.
lembra um mês atrás que eu estava alertando para o perigo de estar cantando i walk the line? pois é, ainda tô no johnny cash, mas desta vez é com it ain't me babe. mas eu tô bem, pratico quase sempre yoga e não me rendo ao alcoolismo. por enquanto.

domingo, 5 de junho de 2011

Ideia de Felicidade

são várias páginas de word preenchidas por mim, ao som de strokes (under the cover of darkness - over and over again) com um livro bom do lado pra quando escrever cansar, uma caixa de bis e minha caneca do jack cheia de café (over and over again)

sábado, 4 de junho de 2011

Fico indignada...

Eu tinha um colega na época de escola que começava todas as redações com "Fico indignado...". Eu achava super divertido a indignação dele com a matança de focas, com o descaso com o aquecimento global, com a Carla Bruni ir na festa sem calcinha, com qualquer outra coisa que estivesse bem distante e para a qual a indignação dele não fosse fazer a menor diferença.
Eu fico indignada com um monte de coisa também. Tanta coisa errada acontecendo e eu tenho tão pouco pra fazer. O que eu posso, eu faço. O que eu não posso, eu tento. Se não tento, xingo no tuíter. Mas o que eu fico mesmo mesmo mesmo indignada é quando é alguém que eu conheço fazendo uma coisa escrota. Dá vontade de ir pessoalmente tocar a campainha da casa da pessoa e puxar a orelha, literalmente. Ou ligar na casa e falar "que papelão, meu filho, que papelão". 
Tem gente que é muito natural que faça besteira. Você não pode mesmo esperar atitudes corretas de certas pessoas. Você não pode esperar que o Bush faça a coisa certa, ou que qualquer pessoa da família do menino que te xinga no emiesseeni faça algo aprovável. Mas tem gente que você nunca espera e faz umas atrocidades. Sabe, gente que frequenta sua casa, gente que vai no seu aniversário, gente que assiste futebol com você, desse tipo de gente você espera que seja decente. Mas não é. É quase que coração partido. 
Malditas desilusões político-pessoais tão constantes.

Enfim, ajudem aí a consertar cagada:

terça-feira, 24 de maio de 2011

Boletim Informativo #02 - Calça Roxa

Desde meados de 2007 quando ganhei uma calça roxa venho me esforçado ao máximo para manter-me operando dentro de seus modos. Hoje, 24 de maio de 2011 eu declaro minha busca sem fim por me adequar a seus preceitos terminada.
Minha cara calça querida, se quando eu ganho um quilo você espreme minhas gorduras para fora e se eu perco um quilo sou obrigada e puxar os passadores de cinto de 2 em 2 minutos para evitar sua queda; e se nos últimos 4 anos fomos incapazes de nos entender e chegar a um acordo quando a um tamanho bom para que meu corpo se encaixe em você, sinto muito informar, mas o problema não é meu. Fique você aí com seus padrões estéticos milimetricamente calculado que eu fico aqui com minhas bainhas que só saltam para fora com você.
Um beijo grande.
Iris

sábado, 21 de maio de 2011

Esqueci de renovar os livros na biblioteca de novo. Terceira semana que tenho que implorar pra algum/a bibliotecário/a pra renovar, com aquele choro de moço/a, tô no quarto ano, tenho que escrever meu tcc [cara de dó].
Como pode passar o dia inteiro no computador e esquecer de renovar os livros, Iris. Como pode acordar pensando nisso e só voltar a pensar depois das 10 da noite, quando já é tarde demais. Malditos esquecimentos malditos.
Parece que tudo na minha vida passou do prazo e eu estou velha e carcomida com os ouvidos zumbindo por ouvir música alta e as pernas doendo porque não são mais as mesmas que andavam comigo.
E não é velha não quero sair de casa no frio, é velha arrebentar os músculos que não sabem mais fazer o que eu sempre fiz. Meu corpo me engana, minha mente me engana. E eu fico toda enganadinha lembrando tarde demais que preciso muito, muito fazer algo. Preciso muito desses livros renovados. Preciso dessas contas pagas. Preciso dessas tarefas feitas. Preciso de louça limpa. Preciso de coragem pra ligar pra você e pedir que faça eu me apaixonar de novo. Porque só quando estou apaixonada por você não faço essas besteiras. É só pensar em você pensando em mim que não me deixa beber a garrafa inteira, fazer pole dance nos postes e me pegar com a pessoa mais inimaginável que encontrar. Afinal, bateu o coração...
Você me faz esse favor querido? Fica aí longe como tem que estar pensando em mim? Evitando que eu faça besteira? Em troca eu fico aqui, bem longe de você, não fazendo besteira e te contando dos meus sonhos?
Será que basta? Toda essa distância e nossos sonhos?
É claro que não basta. Nada disso é real. Aliás, a distância é, é muito mais real do que qualquer sonho ou vontade que possamos ter.
Então fique aí, com seus 300km de distância que eu fico aqui, com meus livros vencidos. Beijo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

TÃO 2003

Geit, olha que 2003. Estava eu lendo blogs de 2003 quando me deparo com esse teste. Que é a coisa mais 2003 do mundo. E olha o resultado! Ela é de longe minha prostituta cinematográfica preferida do mundo inteiro.
Rá. Mas só de estar postando isso já me sinto mais em 2003 do que se estivesse usando colar de pentagrama ou lendo Harry Potter ou passando 30 minutos no telefone com cada uma das minhas amigas (as quais obviamente não converso mais). Ai que adolescente.








Qual prostituta cinematográfica você é?

domingo, 1 de maio de 2011

Boletim Informativo #01 - Parem de fornicar

O conselho administrativo do weblog irisiriseiris vem por meio deste encarecidamente requisitar que as senhoras e senhores parem de fornicar por aí.
As senhoras e senhores devem ter em mente que há mais pessoas que gostariam de fornicá-los do que pensam. As pessoas que gostariam de fornicá-lo choram quando descobrem que a senhora ou o senhor está fornicando com outra pessoa. E esta outra pessoa por sua vez também pode ser alvo do desejo de fornicação de quartos, que também chorarão no cantinho.
O problema de tudo isso é que se gera uma rede de fornicadores, não-fornicadores, desejados e desejantes muito difícil de acompanhar e administrar, o que obviamente levará ao indiscutível fato de que sempre haverá alguém chorando no seu, no meu, no nosso ombro. Jesus chora. 
Então se acertem aí, parem de fornicar qualquer um, parem de chorar no meu ombro. 
E a todos envolvidos na história me façam o favor de desligar celular e computador e passar uma semana ajoelhados no milho atrás da porta pensando no que fizeram.
Finalizaremos com a citação célebre de um ser-não-humano: "Não há nada de bom que o sexo possa trazer".

Grata
equipe irisiriseiris 

ps: pode chorar no meu ombro sim. 
ps2: parem de achar que "vai se foder" é argumento. quando essas palavras são ditas não se torna exatamente claro o motivo da frustração, o que pode e irá gerar mais uma rede: a dos fodidos.

sábado, 30 de abril de 2011

parem de reclamar das minhas reclamações

"Todo mundo sempre me diz que eu reclamo demais. Olha, não tenho culpa que a minha vida é tão surreal. Minha vida é um filme ruim para adolescentes. Um Super-8 de universitários alternativos. Uma piada daquelas que a gente faz um "hah" no final. É foda." - Clarah Averbuck. (é claraH pq naquela época ela ainda tinha H)



Gente, que cês querem? Que eu saia postando como minha vida é cor-de-rosa e como todos me amam e como eu amo todos? Desculpa, não é assim que funciona. Como já chegamos ao consenso em conversas anteriores por aqui acontecem coisas que se contar duvidam. Então eu não conto, só grito "aaahhhhh" e saio correndo, balançando os braços pros céus e tuitando ironias que terminem com (y).


Então parem de reclamar, de me chamar no cantinho e falar "vc tá exagerando, hein" (no melhor estilo tia gilberti sobre cecê). Cês acham que eu ligo? só vou reclamar mais. 


Ponto final.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

LEVA EMBORA

Se todo nó na garganta, toda erupção cutânea e todo coração partido merece um post, toma aí então, o seu post de merda. Guarda na gaveta, junto com minha vida. Ou então amassa e joga na sarjeta, junto com minha vida. É seu pra fazer o que quiser, junto com minha vida. E eu que cansei de tudo isso só te entrego na mão e advirto: cuida bem, que eu gosto muito.
E se estiver se perguntando se eu tenho o direito de estar aqui chorando no meio da madrugada, tenho sim. Eu faço o que eu quero e você tem tudo a ver com isso. Se me fazem jurar que eu vou ser feliz e depois pedem pra outra pessoa jurar que vai cuidar de mim, não deixar eu me aproximar de você, a culpa é sua sim. Engole. Leva embora porque eu não quero mais carregar. Toda essa mágoa sem fim, não é mais minha, é toda sua. Tira de perto de mim, junto com você.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Le mort

Eram 11 horas da noite de sexta-feira. Já tinha tido uma overdose de anti-alérgico. Já tinha reclamado da minha inabilidade de concentração e impossibilidade de ficar sentadinha enquanto o professor falava, mesmo que fossem coisas que me interessassem. Já tinha me entupido de comida não saudável. E agora anunciava minha urgente necessidade de esvaziar a bexiga urinária, que já reclamava seu entupimento também. Atravessava a rodovia em direção a mesma casa que muitas vezes me dirigira antes. Muitas pessoas vestindo batas feias e caras que lhes permitia chegar até determinado lugar, variando a cor da vestimenta até onde poderiam chegar de acordo com o tanto que a mesma lhes custara. E ali, naquele canteiro que divide a rodovia na direção de quem vai pra lá e na direção de quem vem pra cá, estava deitado, imóvel, inerte e urinado um homem. Botas, calça jeans amarrotada, suja e carcomida, camisa de propaganda de deputado, ou de supermercado, não sei (como se houvesse diferença). As pessoas passavam, de lá pra cá, pra lá e de cá como se nada notassem de diferente.

Como diabos o homem fora parar ali não se fazia ideia. Se estava vivo ou morto não se fazia ideia. A bexiga apertava e não se fazia ideia até quando aguentaria. Então fui cuidar das minhas urgências enquanto me perguntava como diabos o homem fora parar ali e sua condição de ser vivo ou de ex-ser vivo. Não é o tipo de coisa que se deixa de pensar rápido. Pelo menos pra mim. Não sei quanto as outras pessoas que naquele momento começavam a ver a dupla sertaneja com seus microfone falando coisas que não me fazem sentido no palco.

Voltei a beira da rodovia. Liguei pra polícia. "Emergência da polícia militar. Como posso ajudá-lo?" "Oi. Eu estou aqui em tal lugar e tem um homem deitado no canteiro do meio da rodovia, não sei se morto ou vivo." "A senhora consegue visualizar o cidadão?" "Consigo, mas não vejo se respira ou não." "A senhora poderia rtocar nele para ver se reage ao toque?" "Nem a pau. Tenho medo." "Óquei. Encaminharei uma viatura para o local. Se o cidadão se levantar, saia de perto e ligue novamente."
Oi? A senhora não entendeu que ele está no meio da rodovia? Se ele levanta ele morre! Isso se já não estiver morto.

Passaram 40 minutos. Nenhuma viatura apareceu. Eu de pé na beira da rodovia.
Liguei novamente. Dessa vez fui posta na espera. Tocava aquela valsa de caixinha de música, do tema de Love Story, mas parecia o fundo sonoro de Pac-Man. "Emergência da polícia militar. Como posso ajudá-lo?" "Oi. Eu liguei há meia hora porque tem um homem deitado no canteiro do meio da rodovia, não sei se morto ou vivo. Vocês falaram que mandariam uma viatura mas ainda não apareceu ninguém." "A senhora já tentou ligar para o Resgate no 193?" "Não" "A senhora poderia tentar?" "Oquei."
Oi? O senhor não entendeu que a responsabilidade está nas suas mãos?

Liguei pro 193. "Resgate. Como posso ajudá-lo?" "Oi. Eu liguei pra polícia porque tem um homem deitado no meio da rodovia eles pediram pra ligar aí. Eu estou em tal lugar. Faz mais de meia hora e ele ainda não se mexeu. Não sei se está respirando. Tem como vocês mandarem alguém?" "A senhora poderia tocar nele pra ver se reage ao toque?" "Não, eu não vou relar em ninguém que acho que está morto no meio da rodovia." "Senhora, no momento todas as ambulâncias estão ocupadas. Vou pedir o suporte do SAMU, deve estar aí dentro de alguns instantes."
Oi?

Depois de 10 minutos chega um policial rodoviário. Fala que estava atendendo um acidente na estrada para Oriente, mas que mandara o carro do guincho vir procurar a ocorrência. O carro de guincho que no caso passara duas vezes por nós mandando beijinho e chamando "Gostosa". O policial achou muito engraçado. Eu não achei graça nenhuma. Seu guarda, apelido carinhoso, apontou sua lanterna para o que chamava carinhosamente de cidadão e afirmou "É um bêbado, tá em coma alcóolico. Se aproximou. Apontou a lanterna muito muito potente na cara do homem. Gritou. Deu um cutucãozinho com o pé. Apontou a lanterna muito muito potente no tórax e nos informou. "Viu, tá respirando. É um bêbado mesmo." Entrou na viatura, pegou seu radinho e chamou a central pedindo por uma ambulância. Informado de que não tinha nenhuma disponível, gracejou "E caminhão de lixo, tem?" Ele achou muito engraçado. Eu não achei graça nenhuma. Perguntei se podia ir embora. Tinha receio de ter de prestar depoimento. Ele respondeu que claro, podia sim.

Fui embora quando o SAMU chegou. Ainda não sei como o homem bêbado conseguiu chegar ao meio da pista para entrar em coma alcóolico no canteiro. Ele no mínimo teve que atravessar um sentido de rodovia nesse estado e no mínimo pretendia atravessar mais três. Alguém me explica?

Tomei um sandei de caramelo da promoção mc donalds e fui fingir que nada tinha acontecido. Fui brincar de noite mariliense da depressão.

quinta-feira, 31 de março de 2011

monoassunto

(ou sobre a pessoa chata que tenho sido por isso ser mais chato que eu)

Me encontram no corredor e perguntam disso. Estou almoçando com alguém e falo disso. Durante a aula todos falam de outra coisa e eu cito exemplos disso. Antes de dormir estou refletindo sobre isso. Acordo no meio da madrugada e faço anotações sobre isso. Minha alergia ataca e eu logo suponho: deve ser por causa disso. As pessoas preocupadas me perguntam: nossa, o que é isso; e eu respondo: nossa, é por causa disso.

E isso tem me incomodado muito. Isso me faz duvidar do bom senso que eu sempre atribuí para humanidade. Isso me faz perguntar se é meu exagero ou isso é mesmo tão ruim como estou sentindo agora. E eu sinto que isso tomou conta de todos meus espaços. Isso se apossou propositadamente de tudo que me é mais querido e eu quero isso fora de mim, da minha vida e da minha casa o quanto antes.

Isso, por favor, crie vergonha na cara e desapareça daqui porque nada que eu já tivesse encontrado me deixou tão paranóica, tão monoassunto, tão cricri, tão mal-humorada, tão ressentida, tão impaciente, tão doente.

O pior é que esse espaço é meu, nem deveria estar pedindo isso. Não devia ter que inventar estratégias pra te deixar desconfortável e ir embora. Não devia ter que conversar sobre isso com mais ninguém. Não devia ficar alérgica. Não devia me atrasar pra aula porque preciso muito falar mais um pouco sobre isso, como se não bastasse o almoço, os corredores, as aulas e minhas horas de sono.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Não sei.

Olha minha cara.
Não sei se é
confusão ou certeza,
destino ou acaso,
sorte ou combinação
sono ou insônia.
Tão confusa eu, meu relógio biológico, meu coração que bate sozinho.

Faz tudo claro e eu me rendo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

À Sanidade Mental

com carinho



"é tudo emocional" me disse o médico mais maluco e desorganizado que já vi na minha vida. ele despejou suas teses e dissertações sobre a doença na mesa, mostrou as suas marcas, contou de quando a mãe morreu e ele teve o corpo coberto por elas, me perguntou da primeira vez que eu fiquei assim. Ocasião que eu obviamente lembrava pois estava a beira de um colapso nervoso. Outubro de 2009, no caso.

Assim é com a cara toda empipocada. Chama eczema crônico, é um tipo de dermatite atópica, ele me informou.

Eu lá, esperando que ele me dissesse você é alérgica a [insira aqui algo eliminável] e 'não coma mais sementes de uva' ou 'só use shampoo de carambola' ou melhor ainda 'não lave mais louça'. Mas não, ele disse 'é tudo emocional, é seu organismo reagindo à sua vida e você vai ter isso pra sempre.'
SOU ALÉRGICA A MIM ponto. Olha que interessante. Toda vez que estiver sob fortes emoções terei perebas em volta dos olhos. Super.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Vem 2011.

Tem ferida que nada resolve.
Pode escorrer lágrima, poema.
Pode criar sorriso, casa, poema.
Pode correr o mais rápido que puder.
Pode ocupar a cabeça.
Pode dormir até morrer.
Mas a ferida não cicatriza.

Obrigada 2011 por fazer voltar tudo que eu havia deixado pra trás. Por queimar minha lâmpada, por quebrar minha câmera, por me dar alergia. Que é que falta, hein 2011 pra você arrancar de mim? Vai tornar o lar que eu construí inabitável? Vai fazer as pessoas que eu gosto mentirem pra mim? Vai deixar todo mundo que eu amo em estado miserável? E no fim chacoalhar uma garrafa de vódega na minha frente e dizer: Vem, Iris, vem, que é que aqui que você pertence. Aqui onde nada é real, tudo é perda, tudo é insônia e tudo é derrota. Vem.