determinada a dormir cedo. (droga, notei que tenho falado muito "estava determinada a [insira aqui algo que eu poderia fazer mas não faço] mas daí...") enfim, eu estava determinada a dormir cedo, finalmente eu estava com sono, já estava pescando no sofá esperando por alguém pra conversar. daí eu fui pra cama, tinha gente conversando no portão e eu fiquei prestando atenção, todas luzes se apagaram e meu sono sumiu. eu queria ouvir a música que estava na minha cabeça. minha cabeça doía, como só dói em dias de ressaca (e eu não estou de ressaca). inferno, pensei. liguei o computador: 1:11. inferno, pensei. peguei minha agenda pra anotar coisas que eu sabia que ia esquecer se não escrevesse. [o sino do vizinho não pára, inferno] então, eu achei escrito espalhados numas páginas " ... quanto mais escreverei, serei feliz, serei intolerante, serei íntegra? bulhufas. serei só mais uma a escrever besteira na agenda. é que virar as páginas sem colocar a fitinha no meio me satisfaz. o menino entrando no carro parece o ex da kamz. e eu escrevendo na escada pareço a ex-iris ..." 24/04 20:35. eu nem entendi direito o que estava pensando, se é que estava pensando. não sei quais os conceitos de felicidade, intolerância e integridade eu me referia, talvez a alguma fixação (tinha escrito 'algo que está presente em toda parte, que todas bocas falam e minha boca grita pelas madrugadas', mas notei que era redundante). [o sino do vizinho não pára, inferno] o que me chamou atenção foi o 'ex-iris'. como uma minha referência a atitudes (ou ausência de atitudes) que marcaram certos momentos da minha vida, mais especificamente, momentos de querer fazer muita coisa e me resignar a sentar num canto semi-escondido e escrever. momentos em que ninguém olha pra mim, que ninguém vê a menor diferença no que eu possa estar escrevendo, que eu sou só mais um corpo inerte, com os olhos mortos ocupando um lugar no espaço que seus pés poderiam ocupar. [o sino do vizinho não pára, inferno] passei anos assim, desde 1997 quando comprei meu primeiro diário, que levava pra escola e onde me escondia dos recreios cheios de bolo Ana Maria e brincadeiras de Balança Caixão, passando por 2003 quando os recreios chamavam intervalo e eram cheios de bolacha Trakinas e Cadelagens, até 2005 quando eu finalmente troquei diários/agendas/folhas avulsas/blogues/e-mails por gente de verdade (sim, foi você, ela e a biblioteca que mudaram minha vida e me fizeram quem eu sou, entenda como: uma pessoa muito mais feliz).
minha linha de pensamento foi: por que diabos eu sentei na escada pra escrever ao invés de fazer alguma coisa? por que eu tomei essa [in]atitude tão escolar? é falta daqueles dias de brincadeira na biblioteca, onde o relógio marcava sempre 11:11? é uma retrospecção aos tempos de bullying (detesto usar esse termo)? é porque eu tinha assistido um fime muito denso tomando uma bebida com gruminhos ainda mais densos? não sei, só sei que não foi uma sensação gostosa.[o sino do vizinho não pára, inferno, deve ser isso que me dá dor de cabeça]
você vai me ajudar
traga a garrafa
estou desmilinguido
cara de boi lavado
traga uma corda irmão
- cazuza
que tristeza
Há 5 anos