quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Retrospectiva

Então hoje eu fui pra marília buscar um monte de coisa que tinha deixado lá achando que voltava logo. Daí eu não pude voltar quando precisar, daí eu não quis voltar quando pude, daí hoje eu fui e pronto. Tinha deixado, além dos livros que estou usando pra fazer os trabalhos que logo precisarei entregar, meus óculos, minha agenda (ela já não tinha nenhuma página de dezembro, achei inútil continuar carregando pra todo lado), meus vestidos xadrezes e listrados preferidos e outras coisas que eu nem percebi que estava com saudade, mas quando encontrei, abracei.

Enfim, com todo esse clima de restrospectiva que fim de ano traz (é inevitável, não adianta lutar contra), comecei a folhear a agenda que carreguei religiosamente todos os dias na bolsa. Não que ela tenha me impedido de perder alguns compromissos, minha memória é realmente ruim, eu esqueço de anotar, esqueço de ler, esqueço de comparecer, simples assim.
Minha agenda, como sempre foi desde que me conheço por gente, reune mais observações para não esquecer do passado do que anotações para lembrar como fazer o futuro. E daí, eu achei a anotação que descreve todo o ano.

"meu café tá 1/2 amargo, como se o leite que eu não tomo tivesse 1/2 azedo"
escrito com um lápis de olho azul numa página qualquer

Eu passei o ano amargurada por causa de coisa azeda que nem faz parte da minha vida.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Les jours des vacances

Sabe, minhas férias de inverno foram dias memoráveis, saíamos dia sim dia não ou dia também, eu e um grupinho aí pra beber em alguma praça. Visitamos quase todas as praças da cidade, bebemos quase todo tipo de conteúdo alcoólico que possa vir em garrafas e o consumo de drogas era frequente. Brincavamos de 'eu nunca' e 'desafio ou desafio' e as brincadeiras sempre acabavam em putaria. Sempre aparecia algum desconhecido que acabava virando amigo e participando com a gente.
Nesses jours des vacances nos divertimos pacas, arranjamos encrenca, invadimos construções abandonadas, choramos e consolamos gente chorando, batemos o carro, gravamos videos com confissões e cenas de nudez, brigamos e nos reconciliamos, dançamos com mendigos, nos despedimos de gente que não volta mais e muitas outras coisas que eu nem lembro.
Foram os dias mais irresponsáveis da minha vida.
Quando as coisas estão muito feias, quando a vida pesa nas costas falamos que sentimos saudades desses dias. E sentimos mesmo.

Ontem eu estava com uma saudade absurda de todos amigos daquela época, de vinho 7 colinas e de pinga pura (porque nunca se lembravam q eu nao bebia coca-cola). Foi quando eu percebi que são esses os dias que não voltam mais. Que nunca, nunca mais vai acontecer de todos nós estarmos juntos de novo, foi gente brigando daqui e de acolá, se perdendo no mundo, indo pra outros cantos. E sobrou cada um sentindo saudade no seu canto.


E no fim. Todos deixamos a irresponsabilidade para aqueles saudosos dias.
[menos o pedro, mas ele pode, pode mas não deve]

enfim, eu sinto saudades. de fulano, ciclano, beltrano, beltrana, joãozinho, mariazinha e luluzinha, todos agregados e de tudo que passamos. e sinto muito por todos motivos que impossibilitam que nossos dias voltem.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rotina

Eureca! descobri qual é a minha meta pra 2010.
Rotina pode ser gostosa, descobri nos momentos desse ano em que a tornei uma exceção ao dia-a-dia.

Fora aqueles planos elaborados sobre emprego, moradia e transporte.
Em geral tudo muito colorido e alegre. (não de um jeito cine)

(Planos irreconhecivelmente otimistas.)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Letícia

Ela estava sentada no bar, conversando com Felipe, o garçom.
Enquanto dava o último gole em sua taça de vinho, Felipe alertou-a, 'Lê, sem querer te alarmar mas, o André está aí, e vindo na sua direção'.
'Sério?', ela perguntou com os olhos arregalados.
'É. Você vai ficar bem?', ele perguntou enquanto olhava de esguelha para um rapaz que o chamava de uma mesa.
'Claro que eu vou', ela respondeu enquanto ajeitava o cabelo recém cortado e preparava um sorriso verdadeiramente falso.

'Hey, Girl'. André disse com aquele sotaque Jonnhy Cash que sabia muito bem o quanto ela adorava.
'Oi', ela disse secamente com o sorriso irônico, a versão fracassada do sorriso verdadeiramente falso.
'Posso te pagar uma bebida?', perguntou apontando a taça vazia.
'Não, obrigada, não bebo mais porções absurdas de alcóol' disse enquanto cruzava os braços.
'Desde quando?' Ele ergueu a sombrancelha enquanto perguntava
'Desde hoje.' Ela teria erguido a sombrancelha se soubesse como fazê-lo.
'Ufa, já ia perguntar quem era aquela louca que me ligou do seu telefone ontem a noite'. É, ele sabia brincar de ironia também.
'Exatamente. Me desculpe. Não vai mais acontecer.', ela disse numa tentativa de encerrar a conversa.
'Então, podemos tomar um café amanhã?'
'Não, André, não podemos tomar um café.'
'Uma torta de chocolate naquela padaria que você gosta?'
Ela só balançou a cabeça.
'Assistir um filme, talvez?'
Ela balançou a cabeça mais uma vez.
'Comprar sapatos? Sapatos te deixam alegre, não deixam?'
Ela balançou mais uma vez a cabeça. Empurrando com a mão trêmula a camisa mal passada que o vestia, disse, 'Chega André, me deixa em paz'
'Você nunca mais vai falar comigo, Lê?'
'Não, vai me embora, sua Girl está te esperando em casa.'
Felipe voltava ao bar ao mesmo tempo que as lágrimas começavam a marejar os olhos azuis da menina.
'André, vai embora, você não tem mais nada pra conversar aqui.' o garçom implorou ao rapaz.
'Cara, eu só queria que ela me perdoasse'
'Aqui não tem perdão. Você não podia ter sacaneado ela.'

André foi embora carregando seu copinho plástico cheio de vodka com suco de laranja.

sábado, 26 de dezembro de 2009

So, what do we do now?

J.: Aonde você vai?
J.: Beber até morrer, pedir desculpas e aí, a vida, finalmente, vai começar.

Como eu já disse, eu não acredito que o Ano Novo mude alguma coisa. Muito menos que a vida comece de um jeito diferente. Mas hoje, eu realmente preciso acreditar. Porque minha vida está tão fodida que só me resta acreditar numa nova vida.

Esse ano todo foi uma grande e horrível viagem de fergo.
As peças foram quebrando pelo caminho, mas o fergo continuou andando. E o fergo foi atropelando pessoas, me atropelando e me carregando, me prendendo nas rodas. O fergo fede insuportavelmente. não são as pessoas que fedem, bem, algumas fedem, é verdade. Mas o fergo em si fede muito mais. As janelas são sujas, e as pessoas escrevem mensagens sentimentais pros passageiros pelo lado de fora, mas pelo lado de dentro é impossível ler.
O barulho é insuportável, mesmo com o fone de ouvido no volume máximo, o som do motor é mais alto que a musica. O parabrisa vai quebrado. Quando chove fora, também chove dentro.
Desconhecidos conversam com você, alguns contam suas histórias de vida, outros querem saber sua história, outros só te alertam sobre o que a biblia fala sobre usar saias curtas, outros tentam pegar as suas pernas (o que funciona muito mais como alerta).

E assim fui o ano inteiro, carregando roupa suja e roupa limpa, num ambiente hostil e malcheiroso. E eu não aguento mais, só preciso descer um pouco e ficar em algum lugar. Qualquer lugar que não seja aqui (não aqui físico, aqui desse jeito).

Eu preciso muito de um ano novo, de reveillér.

Je veux me réveiller! S'il't'plaît!
Je veux une nouvelle vie.


Então, mil perdões por ter fodido a vida de tanta gente. Desculpa, quem eu carreguei junto com os meus trilhos descarrilhados. Desculpa, quem eu tentei segurar pra colocar os trilhos no lugar. Desculpa, quem teve que assistir essa cena horrível sem poder fazer nada.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

o que acontece no natal

Ontem o Gregório me perguntou o que vai acontecer no Natal.
O que eu respondi, não sei se foi um resumo ou tudo que eu poderia oferecer, foi: seus primos vem pra cá, nós abrimos os presentes, comemos fartamente, dormimos e quando acordamos ganhamos mais presentes.

É a mesma coisa que todos outros dias, mas com presentes e parentes.


Qual é o lado bom do Natal mesmo? Coca-cola de 3,5 litros?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aprendi

Hoje a tarde eu tava pensando em um monte de coisas úteis que aprendi esse ano. Eram coisas tão úteis que pensei em escrever no blog. Mas agora que estou digitando não lembro de nenhuma, suponho que não sejam tão úteis assim. Ou que uma das coisas era que minha memória é péssima.

[suspiro de cansaço, muito cansaço, acompanhado da amiga insônia]

domingo, 13 de dezembro de 2009

Chronos

A apresentação, assim como o ano todo, me ensinou:
Não faça planos elaborados, eles nunca dão certo.
Não espere que tudo que você prepara seja maravilhoso, não será. (Esse serve pra bolos, almoços, eventos e encontros)

E por fim, que é feio falar palavrão na frente de crianças, elas ficam muito assustadas, choram e tudo mais.

ps: talvez eu ainda poste fotos lindas que meu lindo amigo john tirou

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Procurando

Já devo ter comentado com muita gente, porque é uma coisa que sempre acontece.
Mas o fato é que, sempre que estou a espera de algum evento importante eu começo a abrir portas e gavetas procurando alguma coisa que posso estar esquecendo.
Não só pelo fato de que eu sempre estou esquecendo alguma coisa, como pelo fato de que quando eu fico nervosa, meu cerébro se recusa a absorver qualquer informação. Já notei que é meio de família, aqui em casa é a mesma coisa.

Enfim, hoje, considerando que passou da meia-noite, é minha apresentação de ballet. E eu tô nervosa pra caralho. Assim como todos por aqui. (Minha mãe é professora de ballet e diretora geral do evento, e minha vó fica nervosa até quando alguém sai pra comprar pão)
Acabei de acabar de fazer várias listas pra deixar com várias pessoas. Anotei um zilhão de coisas que não posso esquecer de levar pro teatro. E ainda assim, eu sei que estou esquecendo alguma coisa. Eu estou sempre esquecendo alguma coisa.

Nos ultimos dias, eu voltei pra casa pra ajudar com os preparativos finais, e já notei que no final de todo o dia nós nos sentamos pra combinar o que fazer no dia seguinte. No dia seguinte nós fazemos a mesma coisa, e incrivelmente, são os mesmos itens do dia anterior. Hoje, que não tem mais dia seguinte eu notei que não liguei pra metade das pessoas que eu ia convidar, que não reservei ingressos, que nem ao menos tenho todas as roupas em casa, que ainda falta isso e aquilo e assado e cozido.

E agora eu já estou muito desesperada. E vou sair pela casa abrindo as portas de armario pra garantir que não vou esquecer nada.
Mas é óbvio que eu vou esquecer, já que as coisas que eu preciso não estão nos armários.
Eu nunca lembro de dar recado, sou uma péssima mensageira. e ainda chamo iris, a mensageira dos deuses, que coisa ridicula.


Inferno. Desculpem pela falta de nexo, mas eu to nervosa pra caralho. Além de agressiva. Inferno. Coitado de quem cruzar o meu caminho amanhã pq vai levar mordida. (espero que quem vá cruzar o meu caminho amanhã não leia isso, senão vai estar previnido.

Gente, que eu to fazendo escrevendo se eu devia estar gravando cds e arrumando malas?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Diego e Lúcia

Diego toca numa banda de rock.
Lúcia gosta de bandas de rock.

Diego gosta de dancem suas músicas.
Lúcia dança absolutamente qualquer coisa.

Diego gosta de apaixonar.
Lúcia gosta que se apaixonem por ela.

O Diego foi tocar numa festa em que a Lúcia estava. Batata.

Lúcia sentou e tirou os sapatos.
Diego se aproximou com um pretexto qualquer.
Perguntava se ela estava bem. Se gostava das músicas dele.

'É linda e ainda gosta de rock' Diego dizia com um sorriso bobo de quem descobria um pote de ouro.

Lúcia sorriu.
Diego se perdeu no sorriso.
Conversaram um tempo e no outro tempo estavam se perdendo juntos.

Diego disse que ela era a melhor coisa que acontecera em sua vida
Lúcia 'ah que gracinha, olha eu tenho que ir embora, me liga'

Diego ligou, o moço da lavanderia atendeu.
Oi, eu queria falar com a Lucia.
Chega, que inferno. Todo dia liga alguém perguntando da Lúcia, já disse que não tem Lúcia.

"Vicious, you're not good and you certainly aren't very much fun"

Clara (2)

O amigo da Clara, não a Clarah Averbuck, a Clara do post antes do anterior, foi baleado no Rio de Janeiro.
Nas palavras da Clarah: o Rio é uma morena que fode gostoso

Balas, favor parar!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Copo Vazio de Whisky

Aí eu estava numa dessas madrugadas cheias de coisas pra fazer. Querendo ou não, é fim de ano. Foi quando me dei uma pausa pra ler mais uma vez o blog da Clarah Averbuck. Semana passada tinha tirado uma pausa pra ler Máquina de Pinball, o livro de estréia dela.
A Clarah foi dessas coisas que entra na nossa vida sem querer e quando percebemos, já se tornou assunto frequente. Como as conversas, teorias e justificativas de horóscopos que povoaram as conversas em 2009, a pseudo-personagem da Clarah, Camilla, se tornou alvo de discussão entre meu G-3 (Grupo das Três) [obs: sem ofensa ao G-5]. É absurdo como cada uma de nós, com seus defeitos e virtudes se enxerga nela, e se compadece por ela, por mim, por vocês e por nós.

Enfim, o último post se refere a uma pessoa que cruzou o meu caminho num momento especial. O vocalista do Saco de Ratos e dramaturgo, Mario Bortoloto. Da última vez que fui pra Maringá, fui num lugar que não lembro o nome, contei as últimas moedinhas pra entrar e me deliciei a noite inteira com uma garrafa de corote e com o som dos caras.
O show foi incrível. Teve uma hora que ele sentou no chão segurando o copo vazio de whisky e tava chorando, ou quase chorando, ou só emburrado, quando de repente levantou e disse: Pára tudo! Uma puta lôra vai entrar por aquela porta e me servir um café.

No post, eu descobri que ele foi baleado. [mas está bem]

Bala nessas porras de lembranças desse ano do caralho. 2009 foi foda.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Clara

Clara decidiu que precisa se decidir. Colocou um prazo para cumprir medidas importantes e escolheu que medidas não tinham importância nenhuma.
Ela espera que toda sua vida esteja resolvida quando acordar no dia 1o de janeiro de 2010. Todos trabalhos entregues, todos projetos encaminhados, cinco quilos a menos e sem nenhuma ressaca.

Boa sorte, Clara. E feliz ano novo.

ps: Clara vem dizendo todos os dias que no ano que vem tudo será diferente. Disse que não acorda mais naquela cama. Boa canceriana que é, afirma que não entregará seu coração. Eu, boa escorpiana com ascendente em sagitário, lhe digo: vai ser tudo a mesma merda, e se não for, vou dar um jeito pra que seja. Ah, e Clara, você sabia que eu não acredito em ano novo? Acho que a vida toda é um processo exaustivo para o qual não se deve, nem se pode, aplicar linearidade.

Fuck it

sábado, 28 de novembro de 2009

Teresa

A campainha tocou.
Já eram duas da tarde de sábado, embora Teresa não soubesse disso. Enquanto tateava o chão procurando as roupas que usava na noite anterior, ou em qualquer um dos dias anteriores, Teresa imaginava quem poderia estar esperando na frente do portão.
Achou uma camiseta no meio do monte de roupas sujas e uma bermuda jogada por cima dos sapatos. Abriu a porta enquanto tentava se lembrar se havia lavado o rosto na noite anterior ou se estaria com o rosto borrado.
_Moça, quer salgado?
_Não, moço, hoje não.
Fechou a porta arrependida por tê-la aberto.
Foi lavar o rosto e notou que as roupas que procurava pelo chão estavam penduradas no cabide do banheiro, e que não, ela não havia lavado o rosto antes de se deitar. Observando o risco de rímel escorrido pela bochecha, botou uma música pra tocar. Talvez ela aliviasse a eterna desventura de viver a espera de viver.
Enquanto ouvia Cássia Eller gritar “Eu não vou obedecer, não, não. Eu não sou escoteiro.”, Teresa fez um café. Talvez ele aliviasse a ressaca. Teresa encontrou uns papéis rabiscados no chão. Encontrou copos sujos e garrafas vazias. Encontrou alguma coisa pra comer. Encontrou uma faca suja de sangue. Encontrou o cinzeiro cheio e o pacote de cigarros vazio. Encontrou o registro de ligações feitas para alguém que não atendeu, nem poderia. Encontrou manchas de vinho nas almofadas. Encontrou a cartela de calmantes também vazia. Encontrou roxos nos joelhos e marcas de mordidas nos braços. Só não encontrou alívio em lugar nenhum.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Família

Tinha uma família no ônibus
O ônibus parou na garagem
O pai de família desceu do ônibus e acendeu um cigarro
A filha começou a chorar achando que o pai não voltaria
A mãe começou a gritar com o pai
Pedia pra ele voltar
Ele ria e dizia: só um cigarro
A menina continuava a chorar
A mãe continuava a gritar
O pai continuava a fumar

Ninguém se dignou a olhar nos olhos da criança e falar: papai já volta, o ônibus não vai embora sem ele.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cats and Dogs

Os últimos dias passei com o Romeu, gato de uma das meninas do grupo da minha MD. Romeu é louquíssimo, as vezes sai correndo pra alcançar a janela ou pra revolver a cama, e as vezes passa horas deitado na mesa. Já notaram que quando se está fazendo carinho num cachorro adormecido e pára, ele levanta a cabeça e se mexe até se encaixar de novo embaixo da mão? Gatos não. Gatos sempre deixam claro que não precisam de você, e não precisam mesmo. Mesmo assim, se você oferece um prato cheio de carne, eles comem.

Hoje eu acordei tão feliz. Como se o mundo que estava em meus ombros tivesse se tornado um globo de plástico cheio de ar. Acordei as 7, apaguei as velas que restaram acessas e voltei pra cama. Não consegui dormir mais. Acho que desacostumei a dormir mais que 2 horas. O dia, cheio de notícias agradáveis, estava cor de laranja pôr-do-sol.

Mas todo pôr-do-sol pra ficar bonito, bonito mesmo, tem que ter aquelas nunvens cinza-escuro que te lembram que toda beleza tem um reverso. O meu reverso é, e sempre foi, a insônia. Essa vaca. A insônia não me deixa dormir, a falta de dormir me deixa, sei lá, me deixa assim. Assim mal-humorada, assistindo Los Hermanos na Fundição Progresso pela milésima vez, escrevendo, abrindo todas portas de armário, a geladeira, o armarinho de banheiro, os livros, os cadernos e as gavetas pra ver se encontro alguma coisa que me satisfaça, sabendo que não vou encontrar.

Pra fazer companhia pra insônia peguei o cartão de memória do meu celular antigo, que não chegou a ficar antigo e coloquei no meu celular novo. E obviamente (ou não) cartão de memória carrega uma pancada de memórias, mais especificamente aquela das férias suínas. Les Jours des Vacances que o Pedro tanto cita. A maioria das músicas eu não ouvia há tempos. Inclusive a célebre, Pro dia Nascer Feliz, cujo trecho dá título a esse blog. Acho que nunca esclareci por que ela tem toda essa importância. Nem vou esclarecer agora. Mas ela tem.

A última que tocou antes que eu desligasse o celular, notando que ouvir estas músicas não me fazia bem foi Cats and Dogs, da Camille. (Vejo o Pedro abrindo o sorriso dele).

"Cats and Dogs are not our friends, they just pretend."
Inclusive o Romeu, as nuvens cinzentas e o laranja.
As coisas só são verdadeiras na minha verdade. E minha verdade está ausente.


"Verdes campo, flores amarelas, furta-cor [são]
todas as verdades e olhares que podia"

Quarta-feira 11/11 19h

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ditadura Militar - A reação popular

Esses tempos, a gente tava assistindo em aula um filme sobre a ditadura na argentina.
Quando o filme acabou a professora pediu algum comentário.
Um dos meninos disse "Horrível, como os militares conseguiam torturar as pessoas, isso nem parece humano...[acrescente mais exclamações indignadas, minha memória não é boa o suficiente pra lembrar tudo que ele falou, nem eu estou com criatividade para inventar alguma coisa pra substituir imaginariamente]"

PAUSA - GEEENTE, JÁ PASSOU O VESTIBULAR, AS CADEIRAS ESTÃO COM GRUDINHO DE ETIQUETA! O ANO VAI ACABAR!
me recompondo...


Me estranhou bastante o comentário dele. Lembro muito bem de quando enfurnados num onibus assistimos Tropa de Elite e a reação à tortura, não só dele, como de toda a sala foi muito diferente.

Por que, quando é o Wagner Moura que tortura, todo mundo imita, passa a semana gritando 'vc é muleke, muleke!' e quando é um qualquer com fantasia de militar ditador todo mundo fica chocado?

obs: o título do post é também o título da minha parte da Missão Diplomática. O trabalho mais importante depois do TCC. E razão da minha falta de vida, de sono e de ... tudo. Preciso respirar...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Por que você me pede respostas?
Eu não tenho nenhuma.

Por que você acha que eu tenho respostas?
Eu não tenho nenhuma.

Por que a gente não pode procurar junto?
Eu não tenho nenhuma.

-Eu não quero fazer as perguntas

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Planos de Aniversário (ou Porque não fazer planos)

Eu fiz um bolo de café com cobertura de leite condensado, que ocupam o 5º e 6º lugar respectivamente na minha lista de melhores coisas do mundo. Estava levando-o pra faculdade, onde faríamos um piquenique. No complicado processo de fechar o portão ele caiu no chão.

O que era pra ser um grande piquenique comemorativo se tornou cortar um daqueles bolinhos da Bauducco que poderiam vir com faquinha (nunca entendi porque o rocambole vem e o bolo não...) no intervalo de 20 minutos da aula a noite.

Eu passei a aula escrevendo sobre minhas alternâncias absurdas entre êxtase absoluto e depressão absoluta durante o dia. Estava frustada. Corria de um lado pro outro com um sorriso na cara e segurava choro.

Estava voltando pra casa, abraçada com a Jane, preparada para o único plano do dia que seria seguido, escrever toda minha parte do relatório da MD.

Cheiro de fritura, gente escondida no quintal. É, nenhum plano seria seguido.
Eu ainda comeria bolo, gostoso ainda por cima...

domingo, 25 de outubro de 2009

Maionese

Sim, maionese tem colesterol.
A vida com a maionese é arriscada,
nunca se sabe quando seu coração vai parar.

Você pode trocá-la pela maionese de leite
Mas maionese de leite,
simplesmente não é maionese.

Eu não gosto,
mas fazer o que?
Dá sanduba

(é oq fala a propaganda, pelo menos...)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

21 de outubro de 2006

Era sábado. Eu acordei com meu pai perguntando se eu não queria falar tchau pro barrigão da minha mãe. Eu respondi que preferia dar oi pro meu irmão mais tarde.
Eu fui vê-lo no intervalo da aula de inglês. Da sala de espera dava pra ver as perninhas se mexendo naqueles berços transparentes de hospital.
Quando eu voltei pra aula, abracei a Joanna, abracei o Ivan, eles me perguntaram como ele era, e eu comecei a chorar.
Algo como amar uma coisa que não existia e passa a existir. Algo que constrói uma existência, que tem a existência construída por nós. Algo que poderia não existir, mas existe, e existe com excelência.
3 anos de Gregório.
Valeu a pena cada escolha de ficar por perto, só pra ver ele existindo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Libertinagem

Eu tinha acabado de sair da minha prova de francês. Estava no terminal esperando meu onibus. Garoava, pra variar (não sei o que deus inventou dessa vez pra chover em agosto, setembro, e outubro, só falta não chover no meu aniversário... sempre chove quando eu quero fazer festinha) O plano era pegar o Cidade Universitária e passar a tarde pesquisando as mil coisas que tenho que pesquisar, lendo as mil coisas que tenho que ler, ou escrevendo as mil coisas que tenho que escrever. Daí eu lembrei que tem um cachorro morto, em decomposição, no caminhozinho da faculdade até em casa, o qual, estava alagado. Perdi toda a vontade de ir pra faculdade, então esperei o Cavallari por mais 15 minutos. Imaginando que a única coisa que teria para fazer em casa seria assistir o final alternativo de Casanova e a Revolução, ou ler Hannah Arendt, passei no Nativo e comprei um vinho Natal, bem seco, e um chocolate Talento Intense, bem amargo e me preparei para me entregar a leitura do tal 'Vida de Gato'. Coloquei vinho e gelo na minha caneca do Jack, coloquei um caderno em cima da cama (pra apoiar a caneca e ser manchado, no lugar do meu lençol de bolinhas). Tirei meu tênis molhado, minha meia molhada e minha calça molhada (tava uma chuva do caralho a hora que saí de casa). Sequei meu pé. Entrei embaixo do cobertor. Deixei uma caneta e a notinha fiscal da recente compra do meu lado, caso quisesse fazer alguma anotação. Li a contra-capa. Li as orelhas. Li os dois primeiros capítulos. Já tinha terminado o espaço para anotações na notinha. E já estava dizendo 'putaqueopariu' será que é isso que vai acontecer da minha farra, chamada vida?
(Droga, a primeira caneca acabou)

Na verdade, ontem dormi e hoje acordei pensando em uma só palavra. Libertinagem. Será que é essa a palavra-chave? Libertinagem pra mim significa porra-loca. Ok, eu não sou das pessoas mais certinhas. Eu não dobro minhas roupas, aliás, eu não passo as minhas roupas. Eu não arrumo a minha cama. Eu não organizo meus livros por tamanho. Eu não me importo em tomar banho todos os dias. Eu uso as mesmas camisetas por dias, e o mesmo sutiã por semanas. Eu bebo. Já dei umas tragadas em alguns cigarros por aí. E daí? Mãe, juro que não sou porra-loca. Minha vida, minha existência, sei lá do que chamar isso, não é só libertinagem. Limites? Eu nunca impus limites, nem a mim mesma, nem a ninguém. Não me sinto nesse direito. Pedro, lembra quando a gente estava bebendo na praça e eu disse que não obrigaria meus filhos a serem vegetarianos, só porque eu considero errado matar animais? É mais ou menos isso...Mãe, juro que você me passou uma bela noção de certo e errado, e que se eu faço tudo que faço (assim parece que eu faço um monte de coisas, que eu me pico, de certo...) Enfim, eu não considero errado. E não dou a ninguém o direito de ficar bravo comigo por causa disso.

Eu não tenho limites, mas eu tenho noção. Até abrir a garrafa de vinho eu estava considerando se não seria esse meu limite. Se não seria a hora de permitir que alguém me dissesse o que fazer e o que não fazer. Se eu não precisava disso. Mas não. Citando a tal Clarah: "Eu grito. Grito para dentro e para fora. Me atiro de cabeça em aguás turbulentas, escalo montanhas, nado nos canais mais perigosos. Preciso estar no limite."

Eu não preciso de limite. Preciso estar no limite. E aqui é o limite.
E agora, dou um passo pra trás? Dou um passo pra frente? Ou fico aqui parada?

"desculpe, amigo fígado, você é muito simpático, mas hoje não vai dar"
"Quero gritar, gritar por todos os poros, pedir ajuda pra te chacoalhar, pra te acordar dessa vida morta que você escolhe todos os dias."

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mais uma dose? É claro que eu to afim. A noite nunca tem fim.
Porque é que a gente é assim?

Vê se ao menos me engole, mas não me mastigue assim.
Cazuza

domingo, 4 de outubro de 2009

Ventura

04:04
ah, bom (vírgula) (ponto) - diz iris pensando remedar o pedro
iris, isso não faz o menor sentido - diz pedro tentando contradizer iris
ah, deixa pra lá - diz iris estacionando na frente da casa dele

Ah, deixa pra lá. - diz iris sobre todos fatos incriveis (ou não) que enumerou nos últimos dias esperando em alguma hora esperando escrever no blogue.

Não faz o menor sentido dizer que eu e pedro roberto nos aventuramos por longuínquas terras, ou dizer como me fez bem ter me encontrado com algo que um dia supus ser meu destino, supondo que o que vivo hoje é meu destino e que estou muito melhor assim (afinal, tia hippie disse que a escolha certa é a escolha que eu fiz)

Não faz o menor sentido o que o hippie (hippie mesmo) me disse no onibus, ou deixou de dizer

Não faz o menor sentido o VMB ou a coxa da pitty.

e sabe por que? porque hoje meus olhos se fecham de cansaço enquanto penso no tanto de coisas a fazer, no tanto de coisas erradas que fiz, e se o que fiz foi errado.

obs: um dia eu talvez escreva sobre as considerações anteriores, elas fizeram diferença, foram importantes pra mim, quero dizer
obs2: pedro roberto, ontem comprei o resto dos cds do los hermanos, agora eu to ouvindo o ventura, mais ou menos no mesmo estado em que você ouviu o bloco.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Contatos Superficiais

Duas pessoas que não querem saber uma da outra
_Oi, tudo bem? (diz com o fone de ouvido)
_Tudo bem o caralho.
_Comigo também, obrigado.

Uma pessoa querendo puxar papo e uma pessoa de papo cheio
_Olá Cidadão
_Oi, [insira aqui um nome qualquer]
_Como anda a vida?
_Ah, bem. E você, tá bem?
_To, eu tava indo ...
_Então tá tchau


Duas pessoas demonstrando atração
_Oi, [insira aqui um nome dito numa tentativa de ser sensual]
_Ah, oi (diz a pessoa que foi chamada olhando para trás com um sorriso de 'estou te dando mole')


Uma pessoa que não sabe fazer perguntas e uma pessoa com boas respostas
_Oi, posso te mostrar um panfleto?
_Ah, claro
_Você vai à Igreja?
(segue-se um diálogo duradouro)


A Isadora e qualquer outra pessoa
_E ae, casa cheia?
_Hum?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Não estará você exagerando? Na verdade, o que ocorre é que neste período você tende a transmitir uma raiva maior do que na verdade está sentindo, por isso convém se observar. Nem sempre passamos o que queremos." Me responde meu trânsito astrológico.

Não sei se é uma explicação razoável, mas é uma explicação.

domingo, 6 de setembro de 2009

Eu me rendo

Sexta feira a tarde eu estava assistindo Jackers. Era um episódio que o Pigley monta uma banda de rock, bem engraçadinho. Ele explicava aos amiguinhos que aquele era um novo estilo de música e que ninguém conseguia ficar parado quando ouvia.
Sexta feira a noite eu estava no bartificial, não conseguindo ficar parada. Um senhor, daqueles que andam com um saco de latinha nas costas passava pela frente e também não conseguia ficar parado. Ele tentou subir a escadinha da entrada dançando e não conseguiu. Acho que ele também não estava lá muito sóbrio.
Sexta feira de madrugada, eu já não muito sóbria também, voltava pra casa querendo mais do que tudo ficar parada. Sentada numa sarjeta suja questionava ao mundo por que a vida acontece do jeito que acontece. Por que as coisas não podem ser do jeito que a gente quer. E o principal, por que aconteça o que acontecer, faça o que fizer, a gente nunca deixa de lamentar pelas coisas que deram errado.
Eu peguei uma folhinha na rua, pra me lembrar que não adianta lamentar. Que não adianta beber querendo esquecer, por que eu só vou esquecer de outras coisas (minha memória anda um caco). Coloquei nessa folhinha meio que uma promessa, não digo promessa pq promessa é drástico demais. Seria uma intenção.

A intenção é: eu me rendo, eu vou ao neurologista.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ontem sonhei que minha cama era invadida por formigas.
Foi daqueles sonhos bem vívidos em que você percebe o que está acontecendo e não consegue se mexer.

Tá tudo tão estranho.
Eu deito pra ver as nuvens se mexendo.
Eu ando pela faculdade pensando na efemeridade da vida.
Pensando em tomar decisões sem saber se há algo a ser decidido.

Eu ando irritada, na verdade.

Sabe, eu sei que nem toda pessoa é boa, mas eu acostumei a achar que todas tentam, ou pelo menos fingem ser.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cíclico

Há exatamente um ano atrás estava esse mesmo calor do inferno. Inferno.
Eu sempre odiei dormir com a janela aberta, nessa época eu dormia.
Eu sempre evitei bebedeira, nessa época eu me perdi.
Poxa, nessa época aconteceu tanta coisa.
Vai fazer um ano que eu coloquei minha pulserinha.
Vai fazer um ano que eu não bebo coca.

E agora? Esse mesmo calor do inferno, combinado com esse monte de coisa que eu não sei como lidar e com as bebedeiras.
A diferença é que ano passado era começo de semestre. Agora é fim.

sábado, 29 de agosto de 2009

Não adianta chorar o leite derramado

Ontem eu estava voltando do lanche da Beth (que não tem só o melhor lanche, como o único lanche vegetariano do campus). Uma mutidão estava indo para o show da famosíssima Claudia Leite.
Eu, como não podia deixar isso quieto, parei no meio da rodovia, preparada pra sair correndo quando um carro viesse e as meninas viessem correndo atrás de mim, e dancei 'rebola devagar depois desce piri pipiri piri pipiripiriguete' e saí correndo.
Porém, uma parte nova de mim ficou naquele lugar. O celular que eu comprei a menos de um mês e ainda nem comecei a pagar ficou jazido no chão.
Veio um caminhão BrumPlumPlash, veio um carro BahPrumBla, veio mais um carro BraPluBash e o celular pululava, desmanchava, batia, caia, soltava faícas.
Não sobrou muito. Eu peguei os restos mortais dele, sentei no canteirinho e resmunguei 'merda'.

Quando cheguei em casa, com o resto de vódega, começamos a assistir Jô. A entrevista era com os pais daquele menino que foi atropelado pelo deputado embriagado com mais de cem pontos na carteira que hoje anda livre por aí.
Nossa perda não é comparável. Não podia mais acabar com a garrafa, chorar ou perder o sono por um atropelamento.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

chãochãochão

Então eu estava no epicentro da vida unimariana, o chão tremia ao som do funk e popozudas dançavam até o chão chão chão chãochãochão.
Eu enfiei minha cabeça pra fora da janela tentando tirar um pouquinho de mim que fosse daquele ambiente. A minha esquerda estava a fazendinha, e aquele homem aranha que fica numa sacada fazendo-se passar por um observador. Bem abaixo, uma mulher revirava os escombros/lixos/dejetos. Ela encontrou uma calça jeans que um dia foi ostentosamente vestida e a enfiou num saco plástico preto.
Um segurança veio me perguntar pq eu estava inclinada pra fora, se eu queria me matar. Eu respondi 'não, porque? com uma festa chata dessas é comum as pessoas se matarem?'

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma grande crise de riso solitária que te prova que a vida vale a pena

i am the queen of eco of cavalari

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Homem Sem Cabeça


Ele não tem cabeça.
Nem nada da cintura pra baixo.
Ele não tem vontade.
Mas eu faço oq quiser com ele.
Ele tem uns arranhões.
E nenhum fui eu que fiz.
Mas é meu.
(mentira, foi o Jorge que emprestou, mas hj é meu)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Tênis

Sabe, eu sempre fui cri cri com algumas coisas. Uma delas era o uso de tênis.
Dizia: Tênis é coisa de playboy. Quando na verdade é esportivo (e eu sempre fui a última a ser chamada pro time da educação física). Eu já sou alta demais pra ter 2 centímetros de amortecimento andando o tempo todo debaixo de mim. odeio.
Daí eu fodi com o meu pé, são quase cinco meses de fisioterapia e essa merda não melhora. Eu fui no ortopedista com um sapato xadrez 2 números maiores que o meu pé e ele me deu a maior bronca. Minha mãe me comprou um tênis. E agora estou eu de tênis no pé.

Ontem de manhã, fui colocá-lo pela primeira vez, saí de casa pensando ' que vergonha, vão achar que eu estou indo pra unibar'. Era um daqueles dias que se abre a janela pensando, com todo esse cinza, melhor nem sair de casa. Foi então que uma coisa inesperada aconteceu: eu pisei no grande afundamento cheio de água da minha calçada, já tinha começado a xingar quando percebi que meu pé não estava molhado/gelado/amputável. Eu sempre pisava na poça, meu pé sempre molhava, eu sempre xingava. E ontem, o tênis me salvou.

Talvez seja bom se abrir as coisas que não gosta. Talvez.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Brincando

Daqueles poucos dias em que as coisas parecem absurdamente simples.
Objetivos traçados. Perspectivas alegres. Talvez vãs.
Mas hoje, amanhã e até o fim de semana pelo menos, eu vou brincar de ser feliz. Ou eliz? Ou iris.

Ah, eu estava mesmo, mesmo, mesmo com saudades de aulas. Acho q até passar a noite lendo e acordar cedo vai me deixar feliz.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Candy

Why to divide life in heaven, earth and hell if its always the same shit?

Why listen to new stuff if its the same old thing i listen everyday?

Why trying if you dont really wish it, and therefore, will never conqueer?

Why do you still steal one cup of cognaq every time you can?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Intervenção

Hoje eu, mais uma vez estava na fisioterapia, com meu pé metido no turbilhão (que é uma delícia, aliás). Nos meus pensamentos me deparei com o turbilhão em que eu estou metida. E, tive de admitir que meu turbilhão passou do ponto. Eu passei do limite. Não é mais certo.
Mas não foi só eu, fomos todos nós.
Aqui me dirigindo a uma pessoa em especial. Bater o carro bêbado? Drogas? Que inferno, esse não é você. Não digo como uma lição de moral. Bom, talvez um pouquinho (coloque naquele meu tom de voz de preocupação misturada com bronca, mas bronca do tipo 'não acredito que você comeu o último amendoim', ou 'não acreditou que você regurgitou no meu copo').
Será que nos tornamos pessoas ruins? Deveríamos imaginar que gente que rouba saleiros na primeira saída acaba invadindo propriedade privada perseguidos por cachorros pra roubar arquivos médicos e letrinhas da máquina de escrever.
Você não acha ruim? Eu acho. Acho ruim um monte de coisa que tenho feito. Acho ruim o que você tem feito.
Vou brincar de chega. Você não quer brincar comigo?
(aqui imagino a sua cara de quando eu estou brava por você ter derramado refrigerante)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

E ele me deixou sem resposta

Um desses dias, desses muitos dias que eu me abstive de internet, o Gregório foi me acordar.
Me cutucando com o bonequinho do ET, ele fez a primeira pergunta que me deixou sem resposta. "Iris, você tá feliz?" ele disse com aquela voz sem descrição. Juro que a voz dele, o jeitinho que ele fala é uma coisa impressionante. Daí eu tirei minha cabeça debaixo do lençol e olhei pra ele pra automaticamente dizer sim, e não consegui. Eu não respondi nada.

No mesmo dia, durante minha sessão de fisioterapia ouvi uma das pacientes responder "amanhã eu não venho, estou indo viajar, estou de férias, sou uma pessoa feliz".

Já eu, relaciono as minhas férias a questionamentos sobre felicidade.
Me pergunto se um dia sentada na praia do botafogo vendo os aviões fazerem a curva do lado do pão de açucar é felicidade. E não é, é só falta de vontade de andar por causa da febre.

A felicidade não está em nenhum fundo de garrafa que eu tenha bebido, em nenhum beijo que eu tenha dado ou recebido, em nenhuma construção que tenhamos invadido, em nenhum livro que eu tenha lido, em nenhuma música que eu tenha ouvido e, especialmente, em nenhum ano novo que eu tenha decretado.


terça-feira, 28 de julho de 2009

Continua

O Rio de Janeiro, mais que um lugar foi um estado de espírito.
Tudo, absolutamente tudo, maravilhoso, absolutamente maravilhoso.
Onde, estranhamente, a sorte esteve comigo, a vontade foi realizada, a música foi ouvida.
Se eu, ou qualquer um de vocês tivesse paciência eu poderia até descrever as mágicas cariocas. Poderia dizer como foi incrível desde o primeiro momento em que pisei na areia, até o momento em que limpei meu pé pra entrar pela última vez no onibus.

A verdade é que a maior viagem não foram as 20 horas de ida e as 20 horas de volta, mas sim a diferença entre carregar a mala no dia 21/07 as 7h30 da manhã, carregando esperança por dias melhores, e carregar a mala de volta pra casa no dia 27/07 as 8h da manhã, sob chuva, carregando somente lembranças e algumas lembrancinhas misturadas à roupa suja.

Será que o Rio de Janeiro continua lindo?

sábado, 18 de julho de 2009

tenho medo

ok, eu tbm já cansei de constatar q cinemas me deixam memorialista, mas

Hoje eu fui no cinema do shopping (sim, aqui temos só um shopping, que foi vendido pro Edir Macedo) assistir harry potter 6. Eu raramente, mas muito raramente vou no cinema do shopping, a ultima vez tinha sido pra assistir harry potter 5.
Não sei se vcs sabem, mas houve uma época em que eu era pottermaníaca. Eu comprava os livros no dia que eram lançados em inglês e lia em poucos dias. Eu usava argumentos como "mas o harry não faria isso". Era bastante patético. Mas de certo modo, eu era feliz.
Enfim, eu guiei minha construção de caráter com todas aquelas características admiradas nele, ou em qualquer outro personagem. Coragem, dedicação, gentileza, amizade e toda essa pataquada.
Eu passei muito tempo acreditando em todas essas coisas. E hoje enquanto assistia o filme, vendo todas aquelas situações que me fariam sentar e chorar, me estapeei mentalmente dizendo 'olha q boba iris, e vc nao tem coragem nem de subir nas costas do Jorge e girar?'

Pois é, eu que dizia 'medo pra que? do chão não passa' descobri a esse ponto da vida que tenho medo de proximidade com o teto, de altura, de cair, ou do que mais quiser chamar...

sábado, 11 de julho de 2009

Estorvo

Eu acordo desorientada e tossindo,
passo o dia desorientada e tossindo.

As vezes me distraio assistindo Charlie e Lola,
ou indo ao ballet,
ou comendo,
ou jogando baralho.

As vezes eu falo que vou estudar e durmo.
As vezes eu acordo pra assistir tv.

E então, quando todo mundo dorme,
eu me fecho no meu quarto com esse livro que me faz tossir ainda mais
e me sinto um estorvo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ultraviolence é pra quem pode, não pra quem quer.

Ultimamente tenha achado que tolchokear, matar ou quebrar a reitoria não é uma idéia assim tão absurda.
Toda essa idéia de ultraviolence que anda cercando meus pensamentos surgiu de uma observação muito simples.
É assim: na primeira semana de RI a gente lê Maquiavel e toma como verdade absoluta seu conceito de Estado, porque, afinal de contas, se não houvesse Estado não haveria RI e porque estávamos deslumbrados com a universidade e o professor Marcelo fala manso e te faz acreditar no que ele fala. Enfim, Maquiavel pega (-pega o que? -ok, ele não pega nada) e fala que o que legitima o Estado é o monopólio da violência.
Eu pensei, é claro, é óbvio. Afinal, o homem é o lobo do homem e precisa do Estado pra controlar as relações da sociedade (Hobbes). Indo mais além, cada indivíduo precisa garantir a sua propriedade e se valesse a lei do olho por olho do ‘estado de natureza’ o mundo acabaria cego (Rousseau). Logo, cada indivíduo, individualmente precisa do Estado para garantir a sua propriedade.
Eu realmente nunca acreditei nessa besteira toda (propriedade, Estado, estado de natureza, individualismo e muito menos monopólio e professor Marcelo), mas conseguiram me convencer que a violência deveria ser exclusiva do Estado.

Até que lendo Laranja Mecânica me deparei com um pensamento do Meu Humilde Narrador e Amigo. Enquanto exibiam aqueles filmes de atrocidades (tolchoks, fogo, krovvy-red e o velho entra-sai-entra-sai) e injetavam remédios que o faziam se sentir mal, ele se perguntava algo do tipo ‘poxa, como será que eles fizeram essas cenas parecerem tão reais? Afinal, sendo um filme do governo, eles não permitiriam que isso acontecesse’.

Ah, meus amigos, aí eu fiquei cabreira. Mesmo sendo um delinqüente juvenil, Alex estava certo. Me fez pensar na polícia na USP, nas nossas discussões de comando de greve sobre ‘fora polícia do mundo’ que foi colocado sem autorização no blogue, na necessidade de segurança e no que torna o mundo inseguro (“também trazem a dúvida de quem é que está nessa prisão”, né)

Eu já estava sugestionada, quando liguei o canal 37 da TV a cabo de Assis e vi as imagens ao vivo de um cruzamento da avenida principal, com um letreiro com algo sobre ‘segurança 24h’. Exclamei “Tchau, privacidade do cidadão assisense. Quando eu sair, você liga nesse canal que eu te dou um tchauzinho, vó”.

A minha suspciosidade (do inglês, suspicious, sacou?) só aumentou quando fui assistir Che. Apesar das minhas críticas ao filme (é que eu achava que qualquer filme sobre ele deveria fazer todo mundo pensar que o buraco é muito mais embaixo, e nem este, nem aquele outro da fotografia bonita, o fazem). Enfim, num pronunciamento na ONU ele pergunta “porque vocês decidem quem pode usar violência e quem não pode?” ao algo assim.

E então, como uma boa estudante de RI, concluo: o monopólio da violência internacional é a hegemonia dominante. Como uma estudante de RI que tem como preferência a antropologia, advirto: O conceito de hegemonia já é o típico pensamento de colonizador/colonizado. Pra que essa hegemonia seja superior, os outros países devem se colocar como inferiores. Como uma pessoa que faz amplo uso de palavras de baixo calão, digo: porra de sistema internacional do caralho. Como uma grevista frustrada com ambições revolucionárias, os lembro: O buraco é muito mais embaixo.

“quando um povo odeia seu governo, não é difícil tomar uma cidade” - Che

sábado, 4 de julho de 2009

Che Guevara, ultraviolence e pulgas.

Ontem eu fui no pulgas. Gosto muito do pulgas. Assisti filmes muito bons com companhias muito boas. A frequência com que eu o frequentava tornou a infrequência quase dolorosa.



Não sinto saudades de sentar nas cadeiras com encosto de madeira e almofadado rasgado, ou das pulgas subindo pelas pernas.

Eu sinto saudade de conhecer gente diferente, que acabariam se tornando amigos para sempre, e acabar dançando break na praça.

Eu sinto saudade de esperar minha mãe me buscar no ponto de onibus conversando sobre as ultimas novidades com as amigas, que acabariam por desaparecer da minha existência.

Eu sinto saudade do milk shake de leite ninho e da tapioca de chocolate com pimenta.

Eu sinto saudade de sentar naqueles sofás fofões azuis e verdes e pensar 'porra, esse filme foi do caralho, really horrorshow'.



Eu sinto saudade de como começavam aquelas noites e sinto saudade de como acabavam aquelas noites.



agora fiquei com a impressão de que as noites de cinepulga se tornarão não mais do que anotações críticas no meu caderno, criticadas por que não sabe do que escrevo, com amargura de deixar os amigos depois do filme, e a amargura de chegar em casa e ver no blog de outros amigos a amargura de deixar o cinema antes do filme.
Pedro que não tem o peito do pé preto, tira esse azedume do teu peito e com respeito tente tratar a sua dor, eu ajudo.

obs: quanto ao ultraviolence do título, depois eu escrevo, é por que sei que vai ficar comprido e, como sabem, minha vida é guida pela preguiça.

terça-feira, 30 de junho de 2009

não faz sentido

Little A, lembra uma vez que eu falei que não olhava no relógio se não fizesse diferença saber as horas?
Eu evito fazer qualquer coisa que não faça diferença. Porque pra mim isso não faz sentido.
Faz sentido pra você?

ah, por diferença eu entendo: mude as condições atuais.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Como Peixe Beta Num Aquário

Sempre me preocupei em ter alguém pra falar boa noite. E me vi sozinha, completamente sozinha por uma semana inteira. Arranjei outras preocupações. Tenho tomado mais banhos. Tenho cozinhado. Tenho estudado. Tenho andado. Tenho dançado. Tenho dormido mais cedo e acordado mais cedo.
Me colocado num eixo que normalmente levaria a uma vida exemplar, correta e respeitável. Sem, no entanto pretender levar uma vida exemplar, correta e respeitável. Acho que tenho preconceitos com vidas exemplares, corretas e respeitavéis (a famosa vida pequeno-burguesa).
Mas nesse aquário solitário, sem companhia, sem aulas, sem bebidas e com um vazio enorme de um plano, de um destino pronto, de alguma coisa mais certa do que minhas convicções vazias. Nesse aquário, não existe caminho. Nesse aquário, eu me assusto com o espelho confuso, me assusto com os olhares distorcidos pelo vidro, abro as nadadeiras e fico esperando que se assustem comigo. Me estressando até que um dia morra por não conseguir viver com gente, ou por não conseguir viver sozinha.
Como um peixe beta num aquário.

Droga, isso ficou tão depressivo. E a semana não foi depressiva. Eu me lembrei como é perder o ar de tanto girar. Eu me dediquei a coisas que me importam. Eu tive crises de riso lendo no ponto de ônibus. Eu entendi a sacanagem escrita na parede da rodoviária. Eu fui irônica com pessoas que não entendem ironia.
Diria que a água do meu aquário é fresca o suficiente pra me manter viva e estressada por tempo indeterminado.



obs: hj quando passei na frente da caixa, no mesmo lugar onde o menininho urinava na terça feira, tinha um encanador consertando um vazamento. achei engraçado.

terça-feira, 23 de junho de 2009

hora de rever prioridades

Estava na barraca do chocolate quente, com metade do rosto coberto por uma bandana de caveirinhas. Uma menininha, que pela roupinha de caipira devia estar no pré, que já me encarava a algum tempo disse: Eu não tenho medo de nada.



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Estava no ponto de ônibus, um menino que vejo com frequência na faculdade atravessava a rodovia. Ele deixou o papel que carregava cair. O papel voou e ele atravessou de volta correndo. Acho que o que tinha naquele papel devia ser mais importante do que evitar ser atropelado.



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Estava dentro do ônibus, que estava parado no ponto da frente da Caixa Federal. Uma mãe carregava seu filho pela mão, o aproximou da parede e ajudou-o a fazer xixi na parede.

domingo, 21 de junho de 2009

As Garrafas de Vinho do Papa

Palavras soltas, ou não, digitadas por todas as pessoas presentes na minha casa na madrugada de quinta para sexta.


Enquanto estamos aqui, discutindo signos ou brincando de brincar de qulaquer coisa.
Arnaldo Antunes diz mais uma vez que as vezes acerdito em mim mas as vezes nao. as vezes tiro meu destino da minha mão. que talvez eu corte o cabelo e seja feliz talez eu ércxa a cabeça talvez esqueça e cresça sem você.eles discutem jesus. eu nao acredito. eles já deram bons goles por jesus. mas nçao discute isso pq rekigiãonao se discute. é arte, acho importe disvutir arte. já oui muitta musica mas hoje assisto muito filme e vejko muita foto. talvez o vinho do papa me deixe assim. assimcomo? como nos monmentos que acordo e me encontro incrédula da vida. quando eu bebo fico incrédula. (estou incredula, estou ouvindo arnaldo e discutindo a necessidade de faculdade para exercer a profissão de jpornalista. falamos sobre o show do rosas de sauron e escurtamos mais uma vez a mesma musica.)incredulamente, mais uma vez acredito que a felicidade é po tipo de coisa imposta e nao críveç . minha v9ida ´pe incriel. incerivel.
uma moeda pelos meus pensamentos. n em eu sei quaoi =s são meus ´pensamentos.
infeno inferno , inefrono. aline a ninfmaniaca. quan do eu era crinça eu e joyce
brincavamos de é o tcan "eu sou indecisa"
e se toca los hermanos?
e se falam da unb?
como eu fico/
e se nada faz dieferença?e se eu nao faço difernaça equero desaárecer? e se eu desaparecer?

consegue fingir olhe esse sorriso tão indeciso tá se exibindo pra lidão não vai embora não eu sou como vcs são não solta da minha mão nõa solta da ,minha mão ;. não solta da minha mão;


você escreve tudo errado quando está bêbada, e eu sabia que você estava escrevendo
coisas sobre minha conversa com a H, como UNB.


e se eu olhar as fotos muito tempo depois?
e se for muito tempo depois?
e se não acharnos matidsg f os escritos na gelafdeirea? e agoea? e agora? dormimos? continuamos assim sem ser asso,im?e se a geçladeira tobver mais rabiscos?e se eu ver aquelas fotos dos dias em que as garrafas passaram a integrar as coleções e se muito mais garrafas ássarem a imtegrar a coleção? e se a h dormi rno sofá? e se isso nao fizer nenhuma direfençã?
e se eu ]

ai amor me duele ranro
m,e arrastopelo cão da cozina

no puedo pedir a los olmos q deme, mperas
ai, ai, ai ai ai
a shakira é fanbhja?

Sakura card captors


tinha uma época q eu insistia q só conseguia estudart ouvindi frank zappa
eu to acirdadadaaaa
já dá?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Decidimos em Assembléia Geral que a Insônia não mais nos convencerá

Um dia voltando pra casa do cão pererê, quebrando garrafas em orelhões e gritando que nada disso fazia nenhuma diferença, liguei o computador às 6:06 pra escrever. Então nós (iris, iris e iris) fizemos uma assembléia deliberativa -sim, o movimento estudantil me leva a loucura - e decidimos uma porção de coisas (não quebrar mais garrafas em orelhões, por exemplo)

Nos dias de insônia, eu faço mais dessas assembléias e decido que o dia seguinte será diferente.
E os dias seguintes tem mesmo sido diferentes. Diferentes de um jeito que me apraz.
[apesar de na hora que o alarme do celular toca eu dizer 'mais um dia de merda']

terça-feira, 16 de junho de 2009

O Fabuloso Destino

No sábado depois de chegar do ballet, liguei a tv e nela passava Amelie Poulain.
Hoje quando cheguei no francês estavam assistindo Amelie Poulain. (ok, eu corro pra pegar o onibus e chegar aqui pra fazer a mesma coisa que fiz no sábado)

Enfim, nessas duas ocasiões eu assisti aquela cena que se repete nos meus sonhos de tempos em tempos. Amelie Poulain entra no trêm fantasma para ver Nino Quincampoix. Ele passa seus dedos enluvados por sua nuca enquanto sussura uuuuhhhh em seus ouvidos. Só que no meu sonho, eu sou Amelie e é sempre algum rapaz que me encantou que passa sussura em meu ouvido.

Então eu me chamei pra realidade de que eu, medrosa que sou, não entraria num trem fantasma por ninguém. O que também me fez lembrar da ocasião que eu diria ser a fonte desse sonho. Quando depois de horas na fila da montanha russa foi anunciada a hora do horror e eu chorando dizia àquele que originalmente estava por trás da máscara de caveira 'não vou, não vou, não vou' e ele dizia 'ah, vai sim'.

Eu, medrosa que sou, mereço um fabuloso destino?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

GEO muito mais legal

Eu estava detestando muito vir aqui à congregação de salto alto pra brincar de diplomata.
A verdade é que eu me vi cercada de gente que eu não gosto, fazendo coisas que eu não gosto e dizendo coisas que eu não concordo.

Mas hoje eu estou achando muito divertido.
Fiquei feliz ontem quando a Jane falou que eu consegui me vestir formalmente sem deixar de ser iris (eu estava de meia calça vermelha e casaco verde, procurei um cinto amarelo pra ficar com todas as cores da guiana mas não achei...).
Daí hoje eu fiquei felicíssississima quando o fotógrafo pediu pra me fotografar pegando café (porque eu estava descalça).

Diria que a melhor parte das formalidades e das discussões é ir contra tudo isso. Que tudo que você faz descalça fica mais gostoso (menos jogar boliche, pq os sapatos são muito divertidos). Que tudo que você debocha fica muito mais debochante.

Devo acrescentar que: Hev, vc não consegue ficar sem rir qnd eu faço careta. Olha só: (estou fazendo careta e vc está rindo).

adoooro.


*tbm pedi um ponto de informação questionando se o café gelado será trocado por café quente
**passei o tempo de debate não moderado (quando os outros países tentaram chegar a um consenso que não me faz diferença) mostrando música nova pro Ruan, ele gostou.

terça-feira, 2 de junho de 2009

GEO

Só estou aqui de corpo presente. Minha alma não sei onde está.

Falam sobre consenso, mas o consenso não me serve de nada, não me faz nenhuma diferença. Como Iris ou como Guiana, o que dizem não me diz respeito.

O café é ruim e eu realmente não gosto de formalidades.

Durante essa semana continuarei exercitando a arte de chegar atrasada, a arte de derrubar café em trajes sociais e a análise irônica de meus companheiros delegados e suas falas.

Me contempla o fim dessa seção.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

um segredo

Quando eu coloquei minha pulseirinha, daquelas que três nós são três pedidos, geralmente sendo do senhor do bonfim mas a minha sendo roubada da unimar, eu fiz três pedido, mas não lembro de nenhum.
Lembro só da idéia geral que era: eu tenho q sair da faculdade estando feliz. Feliz com o que eu aprendi, feliz com o que fazer com o que aprendi, satisfeita com o curso que fiz, com as escolhas que fiz e essa pataquada toda.
Ainda faltam pelo menos 5 semestres para eu acabar o curso. E a pulseirinha parece que vai arrebentar.
Fico imaginando que se eu sair da faculdade agora eu vou ser feliz e ela vai poder arrebentar.

Hoje eu acordei com um sentimento de desistência tão grande. Pensando em abandonar tudo que gosto, porque eu realmente gosto de muita coisa que não me faz bem (sendo aqui incluso desde escolher me concentrar só nas optativas e não fazer meu curso, beber todos os dias e você).

Quando saí hoje de manhã, o primeiro sinal estava fechado. E como aprendi na minha primeira aula de auto-escola, se você pega um sinal fechado, você vai pegar todos sinais fechados.

Os sinais estão fechados pra mim. Eu não posso seguir em frente e não quero parar e não posso dar ré. Não posso ficar e não posso ir embora. Não posso chorar e não posso sorrir. Não posso desistir e não posso persistir.

citando o que escrevi em cima da minha cama:
tanto mar, me dê vento e vela ou razão pra ficar.
desculpe iris, não tem choro nem vela.

sábado, 30 de maio de 2009

abusos

No lugar onde faço balé também tem uma academia. Na academia sempre tem um louco tarado que vem cumprimentar as bailarinas e tentar, num aperto de mão, roçar seus seios. Correm boatos que uma vez ele agarrou a professora de ginástica e foram precisos 5 homens pra segurá-lo. Nós desenvolvemos técnicas para evitar certos abusos, como segurar as duas mãos quando é inevitável cumprimentar, começar a treinar piruetas e fouets quando ele entrar na sala, entre outras.
Na faculdade em que eu costumava estudar, estamos em greve. São feitas reuniões diárias, com discursos acalorados e esse tipo de coisa típica de movimento estudantil e o caralho a quatro. Eu vejo algumas pessoas distorcerem informações e não consigo, ou não quero desenvolver técnicas para evitar esses abusos.
Na verdade, o tarado da academia faz a mesma coisa que esses ditos representantes discentes.
Um dia ainda grito 'tarado, eu sei que você só faz isso pra relar sua mão nojenta no meu peito' ou 'sr. delegado de greve, eu sei que você só faz isso por ...' aí complica, eu não sei porquê.
Complicado de explicar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

em greve e ocupada

"E aí, casa cheia?" é a típica pergunta da minha irmã (no lugar de "tudo bem?" ou "como vai")

Respondo. Puta, Isa, casa cheíssima.
O gramado da unesp tá inteirinho ocupado por cadeiras ocupadas por pessoas (era o mínimo que eu esperava, ela colocaria aqui).
Eu fico estranhamente tocada por grandes aglomerações de pessoas. Shows ou assembléias.
Fico achando que alguma coisa une a multidão, e seja música ou seja política estudantil, essa coisa é muito forte.

Agora eu vou voltar a ocupar a minha cadeira, que está ocupada somente pelos livros que vão ficar comigo durante a greve.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

sei lá.

Fui andando pela cidade. Escolhi o caminho tortuoso. Virei em todas esquinas. Todas mesmo. Talvez para evitar as subidas, talvez porque seguir a retidão me parecesse errado.

"pra me danar por essa estrada, mundo a fora, ir embora, sem sair do meu lugar" cantou marcelo camelo pelos meus fones enquanto meus pés seguiam pisando só no branco.

Toda caminhada foi em vão. A loja até tinha o que eu procurava, mas somente por encomenda e não a pronta entrega. Eu não encomendei.

Vi seis fuscas azuis.

Voltei pra casa de ônibus. Comprei café. E quando entrei meus fones cantaram na voz de kurt "my girl, my girl, don't lie to me. tell me where did you sleep last night."

E eu me respondi: é que greve é meio que como férias. sei lá.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

MLIA

www.new.mylifeisavarage.com

Eu podia estar estudando, podia estar bebendo, podia estar dormindo, podia estar terminando o sudoku que não consegui terminar na aula. Mas não, eu estou lendo sobre comentários medíocres de vidas medíocres, pensando na minha mediocridade.

Hoje eu enchi minha garrafinha de água e esqueci de pegar antes de sair de casa.
Ontem minha bolinha de jogar na parede quicou pra algum lugar escondido e eu não fui procurar.
A campainha tocou e eu abri o portão.
Eu sorteei minha carta do dia, era o Rei de Espadas. (caso vc se pergunte, Hev, o conselho era: é importante buscar a sabedoria de alguém mais velho)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu sou de escorpião.

Na semana em que Carandiru estreou no cinema eu fui ao shopping comer yakissoba com minha mãe. Ela viu o cartaz e falou "a gente vem assistir quarta, pode ser?". Eu comi o yakissoba e na saída parei na frente do cartaz, olhei por um tempo, não sei quanto tempo. Ela perguntou "que foi?" e eu "Nem vou assistir esse filme, não quero mesmo."

Talvez naquela época eu já tivesse entendido os clichês do cinema brasileiro e soubesse que Carandiru era só mais um desses filmes com Lázaro Ramos, Wagner Moura e Rodrigo Santoro (quando ele ainda fazia cinema brasileiro) que retratava superficial e sensacionalistamente alguma faceta da desgraça brasileira. Ou talvez eu só não soubesse, como ainda não sei, lidar com falta de higiene, sangue e morte.

Daí, no domingo a noite, eu resolvi assistir. Seria melhor não ter assistido. Não é que eu me arrependa das horas que passei na frente da tv, mas é que eu já sabia o que ia acontecer e mesmo assim eu assisti.

Foi teimosia minha. Foi teimosia minha.
Todas essas coisas que eu faço mesmo sabendo que não podem fazer bem, são teimosia minha.
Raiva de quem come cachorro quente self service que passou o dia todo no sol e depois ainda se pergunta por que tem dor de barriga.

Dissimuladamente, simplifiquei minha dissimulação propositada com a idéia: é porque eu sou de escorpião.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Por que eu sou tão controvérsa?

Por que as vezes eu fico tão satisfeita com coisas que me incomodam e por que as vezes eu fico tão incomodada com coisas que me satisfazem?
Por que a gente espera tanto por um momento e ele passa tão rápido?

Porque músicas sempre tem um fim, por melhores que sejam e por mais que te completem. E quando ela acaba, o palco deve ficar vazio.
As vezes eu queria só largar a faculdade e viver como Miss Penny Lane, ter uma overdose só pra ver se alguém me salva.
As vezes eu minto.
As vezes eu falo a verdade e faço parecer ironia.
Não se pode confiar em mim. Eu não posso confiar em mim.
Sou um poço de controvérsias mergulhadas no conhaque que estava escondido atrás do açucareiro.

Mas nada disso importa.
Porque todo mundo vive num mundo tão particular.
Todo mundo só quer ser salvo. E eu sou só mais uma pessoa perdida.
E eu, eu continuarei dizendo boa tarde pra velhinhos na rua e aconselhando qual a melhor tapioca pra quem tem larica.

As vezes eu olho no relógio só pra ver se tem alguém comigo.
[eu devo ir não há mais sentido
nos resta se juntar
quem sou eu já não importa
nem nunca importou
- vanguart]

terça-feira, 12 de maio de 2009

Juízo

Tenho prova de política quarta. Ainda não li nenhum texto inteiro. Não assisti nenhuma aula inteira. E resolvi não voltar pra faculdade pra poder subir no palco que cresci e que não visito há tanto tempo. Também tenho crises de enxaqueca a cada quatro horas e o remédio me dá sono. Logo, não consigo estudar.
Enquanto eu mais uma vez me afundava nas almofadas da sala e reclamava por não conseguir estudar, minha mãe perguntou "quando é que você vai criar juízo?" eu disse "quando ele nasceu você pagou pro dentista arrancar".

domingo, 10 de maio de 2009

Ah, a maternidade

Sexta feira eu me dobrei e desdobrei pra ver meu irmão dançando na escolinha. Assustei ao ver as mães presentes.Uma reunião de mulheres com o cabelo igual, com roupas que ontem estavam numa vitrine bem iluminada e com ares hype, que se preocupam mais em não sujar a calça do que em sentar no chão da quadra pra dar um beijo no filho. Então isso é que é elite, concluí. Até anotei umas coisas que ouvi pelos corredores.
"Que apresentação linda, meu filho" diz mãe com uma voz fria, parecendo que treinou essa demonstração de afetividade no espelho antes de sair de casa.
"Gordo, que lindo" diz a menina que engravidou quando fazia o 1o colegial comigo quando seu filho bochechudo entregou o presente.
"Deixa eu arrancar essa coisa horrível, fotoshop..." diz mãe arrancando a foto que mostrava ela abraçada a sua filha na porta da sala
"Meu carro tá tomando chuva" diz mãe arrastando seu filho pelo braço pra ir embora logo

O mais legal /contraditório foi ver essas mulheres com terninhos combinando com o colhar, o brinco, o sapato e a bolsa se acotovelando pra proteger da chuva (quem tá na chuva é pra se molhar, e nenhuma delas poderia sujeitar o cabelo à chuva) e atacando as mesas com torradinhas, patês e chá da dona Maria (que é a coisa que eu sinto mais falta da escola).

Como disse a Isadora "essa festa foi pavê ou pacomê?"

obs: Greg estava lindo.
obs2: os presentes de todas mães eram iguais, diria que pra combinar com o cabelo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ressaca

Queria pedir a meus novos vizinhos que enfiassem a porra daquele cachorro filhote e peludo no rabo e peidassem pra ver se ele continua uivando. Merda.

se eu parar de respirar será que ele pára de latir?


terça-feira, 5 de maio de 2009

Hora de ter hora

Ontem nós colocamos a pilha de volta no relógio. Tínhamos a perdido quando escondemos o relógio para a festa, que aconteceu há mais de um mês.
Ela disse: mas é tão bom ser sempre 4h25
Eu disse: tá na hora do tempo passar.
Os ponteiros voltaram a girar, o tic tac voltou a ressoar e a hora voltou a existir.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pressione o botão.

Eu estava sentindo o vento gelado numa mesa isolada no rolê.
Eu sorri. Sorriso tão gostoso e sincero.
Ali, naquele momento de espaço e tempo, minha mesa estava cheia de gente que eu conheço há muito tempo e há muito pouco tempo.
Eles compartilham meu riso, eles barram o vento e sentem frio comigo, eles me abraçam, eles me carregam quando não consigo andar, eles dançam comigo mesmo quando não posso dançar, eles cospem refrigerante na mesa quando riem, eles furtam quadros de gordas no banheiro, eles simulam suicídio em árvores, eles vem pra casa comer batata crua e batata frita, eles tomam o café que eu passei, eles me fazem companhia por toda madrugada e se despedem pedindo por um pouco mais de riso (imitar o ravel da dulce, no caso).
[suspiro com sorriso] eles me dão razão pra sorrir. e a melhor razão, que é ver o riso deles também.


nota1: É campeão!
nota2: Yann Tiersen - Tabarly

quarta-feira, 29 de abril de 2009

determinada a

determinada a dormir cedo. (droga, notei que tenho falado muito "estava determinada a [insira aqui algo que eu poderia fazer mas não faço] mas daí...") enfim, eu estava determinada a dormir cedo, finalmente eu estava com sono, já estava pescando no sofá esperando por alguém pra conversar. daí eu fui pra cama, tinha gente conversando no portão e eu fiquei prestando atenção, todas luzes se apagaram e meu sono sumiu. eu queria ouvir a música que estava na minha cabeça. minha cabeça doía, como só dói em dias de ressaca (e eu não estou de ressaca). inferno, pensei. liguei o computador: 1:11. inferno, pensei. peguei minha agenda pra anotar coisas que eu sabia que ia esquecer se não escrevesse. [o sino do vizinho não pára, inferno] então, eu achei escrito espalhados numas páginas " ... quanto mais escreverei, serei feliz, serei intolerante, serei íntegra? bulhufas. serei só mais uma a escrever besteira na agenda. é que virar as páginas sem colocar a fitinha no meio me satisfaz. o menino entrando no carro parece o ex da kamz. e eu escrevendo na escada pareço a ex-iris ..." 24/04 20:35. eu nem entendi direito o que estava pensando, se é que estava pensando. não sei quais os conceitos de felicidade, intolerância e integridade eu me referia, talvez a alguma fixação (tinha escrito 'algo que está presente em toda parte, que todas bocas falam e minha boca grita pelas madrugadas', mas notei que era redundante). [o sino do vizinho não pára, inferno] o que me chamou atenção foi o 'ex-iris'. como uma minha referência a atitudes (ou ausência de atitudes) que marcaram certos momentos da minha vida, mais especificamente, momentos de querer fazer muita coisa e me resignar a sentar num canto semi-escondido e escrever. momentos em que ninguém olha pra mim, que ninguém vê a menor diferença no que eu possa estar escrevendo, que eu sou só mais um corpo inerte, com os olhos mortos ocupando um lugar no espaço que seus pés poderiam ocupar. [o sino do vizinho não pára, inferno] passei anos assim, desde 1997 quando comprei meu primeiro diário, que levava pra escola e onde me escondia dos recreios cheios de bolo Ana Maria e brincadeiras de Balança Caixão, passando por 2003 quando os recreios chamavam intervalo e eram cheios de bolacha Trakinas e Cadelagens, até 2005 quando eu finalmente troquei diários/agendas/folhas avulsas/blogues/e-mails por gente de verdade (sim, foi você, ela e a biblioteca que mudaram minha vida e me fizeram quem eu sou, entenda como: uma pessoa muito mais feliz).
minha linha de pensamento foi: por que diabos eu sentei na escada pra escrever ao invés de fazer alguma coisa? por que eu tomei essa [in]atitude tão escolar? é falta daqueles dias de brincadeira na biblioteca, onde o relógio marcava sempre 11:11? é uma retrospecção aos tempos de bullying (detesto usar esse termo)? é porque eu tinha assistido um fime muito denso tomando uma bebida com gruminhos ainda mais densos? não sei, só sei que não foi uma sensação gostosa.[o sino do vizinho não pára, inferno, deve ser isso que me dá dor de cabeça]



você vai me ajudar
traga a garrafa
estou desmilinguido
cara de boi lavado
traga uma corda irmão
- cazuza

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lero lero lero

Eu sou o tipo de pessoa que toma tudo como um sinal. Eu tomei todo esse fim de semana (contando como fim de semana desde sexta a tarde quando saí de casa pra comprar goró até começar a aula de hoje) como um bom sinal.
Eu assisti muitos filmes, e cada filme com uma, ou mais coisas que me fizeram sorrir (tomando como razão pra sorrir: alguma frase muito boa que me faça pegar a caneta e rabiscar meu próprio corpo, fuscas azuis, anéis de olho e personagens com o meu nome). Eu fui assistir P3 tocar (eu gosto pq eles tocam a maioria da pasta iris dançante 1 e 2 do meu mp3). Eu escrevi coisas que quando li, me intrigaram e provocaram risos.
Mas o sinal que eu mais gosto é que coisas que geralmente me incomodam não me incomodam. Eu não durmo desde que acordei pra assistir o jogo, entre várias razões, porque meu vizinho comprou um sininho, daqueles de um vermelho feio, com borboletas feias, que fazem barulhos feios. O sininho fez barulho a noite inteira. Enfim, eu que passei dias reclamando da minha insônia, estou feliz por não ter dormido.

minha intuição não se engana, você vai ser tão copacabana 
- Móveis Coloniais de Acaju

sexta-feira, 24 de abril de 2009

je vous salou, marie

Eu saí com um vestido desbotado que minha mãe odeia. Toda vez que ela me vê com ele, sugere que eu troque de roupa.
Mas é meu vestido preferido. Meu vestido preto desbotado.
Eu já pedi pra ela tingir, ela disse que é caro.
Lembrei de quando estava na quinta série e a Vera manchou um moletom verde pistache que eu gostava. Ela mandou tingir de preto. Mas o moletom era horrível, vestia mal e pinicava. Eu gostava porque a cor era diferente. Nunca mais usei o moletom preto.
Lembrei no 3o colegial, quando eu comecei a usar esse vestido, que um namorado mala falou que ele era curto e se recusou a me apresentar pros amigos dele.
Lembrei de hoje, enquanto o sol se punha e eu vestia ele, que eu terminei meu copo de vinho, minha barra de chocolate e saí pra brincar de ser feliz.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Once

Eu cliquei em Nova Postagem. Comecei a escrever qualquer coisa. Coloquei um CD que eu baixei ontem pra tocar. Achei que era uma musiquinha boba qualquer.
É o CD de um filme que o Nilsão me emprestou. Ele falou que eu ia gostar, que é o tipo de filme que esquenta o coração. A Jan e a Hev adoraram, passaram dias falando e anotando trechos de músicas no caderno. Eu demorei pra assistir, e quando assisti não vi nada de especial.
Agora ouvindo o CD, notei que ele esquentou meu coração [diz isso esfregando a mão no peito]. E que se eu não senti nada antes é porque meu coração estava tão gelado, tão gelado que nem Glen Hansard poderia esquentar.

Com o coração quentinho, lembrei de um dia que saí de casa chorando, parei na esquina e sentei na calçada chorando. O Nilson foi me buscar, falou pra eu voltar que estava frio. Eu resmunguei alguma coisa e continuei chorando. Ele me abraçou e disse "pra quem fugiu de casa você tá bem quentinha". Eu respondi "É porque meu coração tá gelado" e continuei chorando.

Não sei, talvez eu só esteja me sentindo feliz, boba, sonolenta e com o coração quente porque vou passar uma semana inteira assistindo Charlie e Lola com o Greg, ou porque hoje o médico disse "Toma esse remédio, garanto que você vai ser mais feliz com ele".



But she went and screwed some guy that she knew and now i'm in dublin with a broken heart
Oh broken hearted hoover fixer sucker guy
Oh broken hearted hoover fixer sucker, sucker guy
- Glen Hansard

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Escove sempre, use fio dental.

O médico me mandou ficar em repouso, de pernas pro ar. Eu tenho, dentro do possível, obedecido. Bem a verdade, pra mim isso significa assistir Charlie e Lola com o Greg.
Sim, eu sei que Charlie e Lola é pra crianças de três anos, e que as vozes são irritantes, mas é muito interessante. Eu gosto dos títulos dos episódios que são coisas muito óbvias e inimagináveis se ditos com outra voz que não seja a da Lola, como: "Eu sei fazer tudo, tudo sozinha." "Eu não estou nadica de nada bem." "Eu gosto do meu cabelo exatamente do jeito que ele é" "Eu adoro mesmo os meus sapatos vermelhos".
Daí já é possível ter uma idéia de como minhas idéias andam deturpadas. As frases que tem martelado minha cabeça são ditas por criancinhas! E eu escrevo na parede "Eu vou brincar na gangorra sozinha" e acho que isso é muito explicativo do meu estar.
A observação a ser feita é que meu episódio preferido é quando eles brincam na sala de espera do dentista da mãe e conversam com o postêr dos Sorrisos, que repetem: "Escove sempre, use fio dental, escove sempre, use fio dental". É uma lavagem cerebral deslavada.
Então hoje, justo hoje, eu me arrastei até o dentista (muito interessante comemorar Tiradentes indo ao dentista). Até que enquanto ele arrancava sangue das minha gengivas, disse: use fio dental. Indo contra toda etiqueta de consultórios de dentistas, onde o paciente não deve conversar, deve somente acenar que sim ou que não com movimentos suaves, eu disse: "Mas não usar fio dental é uma escolha de vida." Passar fio dental ocuparia minutos preciosos do dia, geralmente aqueles pós-refeição que são tão apropriados para não fazer nada. Tem tanta coisa que eu podia fazer mas não faço, passar fio dental deve estar bem no final da lista, atrás até mesmo de arrumar a cama.
Saí mancando do consultório até o carro, muito orgulhosa por não ter cedido a lavagem cerebral traiçoeira. Não vou usar fio dental.

[será que é só teimosia minha?]

sexta-feira, 17 de abril de 2009

EU VOU CORRER

Voltando do sarau de madrugada, chutando pedrinhas pelo caminho, gritei "Eu vou correr!" e saí corrrendo. Quando acabou a calçada eu sentei na sarjeta pra esperar as meninas. Fiquei cantarolando baixinho. "Vem" "Não, vou lá buscar ela." "Não, deixa ela." "Eu vou pegar a amiguinha." "A AMIGUINHA SABE ANDAR SOZINHA."
Não sei se tenho mais raiva por acharem que eu preciso ser buscada ou se tenho mais raiva por quererem me deixar. Sei que agora eu vou correr sem olhar pra trás. Também não espero mais ninguém.

"Eu me sinto como russo em cinema americano. Eu sou sempre o bandido, o retardado e o insano." Ecos Falsos

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Coincidências

No domingo de Páscoa o interfone tocou.
Eu atendi "Oi?"
Uma voz respondeu "A Iris tá aí?
Eu disse: "Sou eu"
A voz disse: "Vem aqui na frente"
Eu abri o portão.
Um rosto que eu não via há muito tempo disse "Você tá linda"
No meio de um abraço eu disse: "O que você veio fazer aqui?"
Ele disse "Eu vim te dar alegria"

Citando o Pedro: mas vamos fazer o melhor para viver em paz, seja lá onde estivermos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Benjamin

Eu não gosto do ar desolê que minha vida assumiu.
Eu tentei de tudo. Comi barras inteiras de chocolate, dancei, bebi, assisti um filme por dia. Até passei cotonete gelado.
Voltei pra casa chata, respondona, ignorante, agressiva e triste. Se eu soubesse levantar a sombrancelha, faria isso a cada frase minha vó, minha irmã, meus primos super-heróis e meus tios sem-graça pronunciam. Se não tivesse esperança de pegar uma carona acho até que gritaria com eles o tempo todo.
Me tranquei no quarto e peguei um filme pra assistir. E o filme me deu um soco no estômago. Bem nesse momento em que eu estava deprimindo todo mundo com a minha depressão, em que eu deixei todos se perguntando o que diabos estava errado comigo que sempre fiz todos rirem enquanto os criticava; Bem nesse momento o Arnaldo Antunes começou a cantar uma música que sempre me fez sentido e que eu, sendo mutio hipócrita, havia ignorado nessa última semana. O Paulo José olhou bem fundo no meu olho e ouviu a mesma coisa que eu. "Toda tristeza é uma forma de egoísmo"
Ele jogou dinheiro numa fonte, e nadou no mar carioca da madrugada. Eu coloquei a mão na cabeça e falei "putaqueopariu", acendi a luz, levantei e fui prum churrasco.
Eu não sou egoísta, só estou precisando que alguém me dê um pouco de alegria.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Inferno. Se eu conseguisse dormir...

Inferno.
Se eu conseguisse dormir, será que tudo melhorava? Será que a comida seria mais saborosa? A bebida seria mais reconfortante? Os livros seriam mais interessantes? E as companhias seriam mais toleráveis?
Se eu conseguisse gritar, será que mudava alguma coisa? As pessoas que não me ouvem, ouviriam? As pessoas que não me entendem, entenderiam? As pessoas que estão perto, se afastariam? E as pessoas que estão longe, se aproximariam?
Só não queria ficar sozinha numa mesa cheia, só não queria ficar sozinha com a casa cheia, só queria dormir bem uma noite inteira. Mas ultimamente, as mesas que me sento estão sempre cheias, as casas que visito, inclusive a minha, estão sempre cheias, eu estou sempre sozinha, mesmo quando estou acompanhada, e eu não durmo.
Inferno.
Se eu conseguisse dormir, será que tudo melhorava?

Mas o pior é que é sempre 16h25 e eu sempre me pergunto que dia é hoje, esperando que alguém responda que é muito tempo atrás.

domingo, 5 de abril de 2009

Verde e Rosa

Se eu digo 'pra que simplificar se a gente pode complicar', ele complica ainda mais.
Se eu sou teimosa, ele é muito mais.
Se eu sou grossa quando estou nervosa, ele é muito mais.
Se eu sou orgulhosa a ponto de passar por cima de complicações teimosas e grosserias nervosas, ele é orgulhoso a ponto complicar um dia inteiro, com a teimosia que o torna grosso na hora do nervoso.
Será que eu virei assim por causa dele, ou será que o mundo nos ensinou a ser assim? Ou será ainda que somos complicados, teimosos e grosseiros porque amamos a mesma bandeira?

sábado, 4 de abril de 2009

Vou voltar

A verdade é que eu nunca gostei de deixar qualquer um ver as coisas que escrevo, por isso sempre escondi diários/blogues/cadernos de anotação. Mas não sei exatamente explicar por quê, passei a última semana escrevendo muito. Interrompi as aulas com devaneios que simplesmente precisava anotar. Toda hora me vinha alguma observação interessante. Começou a me dar vontade de compartilhar essas anotações/observações. Vontade de dizer como me fez rir abrir minha sacada pra ver um menino passar de bicicleta cantando "beijo na boca é coisa do passado a moda agora é ..." (ele ficou longe demais pra ouvir mas eu sei como continua) ou quando um menino no ônibus gritou "Abre-te Sésamo" quando chegou o ponto dele.
Daí inventaram de me perguntar se eu tenho blogue. E eu tenho. Tenho um lugar onde praguejar publicamente. E razões pra praguejar.

Enfim, voltei.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Arruinando vidas

Há alguns anos escrevi em alguma agenda cheia de papeizinhos colados e considerações desaventuradas que tinha tudo que precisava na vida: uma família que me amava e amava de volta, um rádio e alguns CDs que enchiam minha vida de música e, portanto, de alegria, um lugar pra escrever, amigas com que me importava e se importavam comigo e perspectivas intelectuais de ser alguém nesse mundo. E, no entanto, não me sentia completa.
Lembro bem desse dia, eu havia acordado feliz, ouvia Skank no último volume, enquanto me arrumava e ouvia minha mãe se arrumando para irmos, provavelmente, a algum churrasco no meu avô.
Hoje foi a primeira vez que minha mãe disse “que decepção” se dirigindo a mim. Não pensei que viveria para ver esse dia. O dia em que eu não fosse o orgulho da casa. Hoje, também, foi o dia que percebi que estou completa. Declaro oficialmente, ser um ser humano, um ser social, um ser político, um ser seja lá o que for. Eu sou!
É verdade, não tenho mais tanta certeza sobre amar e ser amada pela família, não ouço mais aqueles CDs, não escrevo mais em diários, não converso mais com aquelas amigas e não tenho mais perspectivas intelectuais. E, no entanto, estou sim completa.
A vida, nos moldes que tinha quando escrevi aquelas palavras, está arruinada. E a vida que tenho hoje, está a pleno vapor. Porque eu tenho capacidade de existir.
Se tivesse as mesmas perspectivas daquela época, que acredito serem as mesmas concepções que minha mãe leva em conta ao dizer aquelas palavras, eu estaria amargamente decepcionada.

Obs: reservo-me ao direito de declarar-me equivocada quando escrevi essas palavras.

[questionamentos sobre minha segurança]