quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Retrospectiva

Então hoje eu fui pra marília buscar um monte de coisa que tinha deixado lá achando que voltava logo. Daí eu não pude voltar quando precisar, daí eu não quis voltar quando pude, daí hoje eu fui e pronto. Tinha deixado, além dos livros que estou usando pra fazer os trabalhos que logo precisarei entregar, meus óculos, minha agenda (ela já não tinha nenhuma página de dezembro, achei inútil continuar carregando pra todo lado), meus vestidos xadrezes e listrados preferidos e outras coisas que eu nem percebi que estava com saudade, mas quando encontrei, abracei.

Enfim, com todo esse clima de restrospectiva que fim de ano traz (é inevitável, não adianta lutar contra), comecei a folhear a agenda que carreguei religiosamente todos os dias na bolsa. Não que ela tenha me impedido de perder alguns compromissos, minha memória é realmente ruim, eu esqueço de anotar, esqueço de ler, esqueço de comparecer, simples assim.
Minha agenda, como sempre foi desde que me conheço por gente, reune mais observações para não esquecer do passado do que anotações para lembrar como fazer o futuro. E daí, eu achei a anotação que descreve todo o ano.

"meu café tá 1/2 amargo, como se o leite que eu não tomo tivesse 1/2 azedo"
escrito com um lápis de olho azul numa página qualquer

Eu passei o ano amargurada por causa de coisa azeda que nem faz parte da minha vida.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Les jours des vacances

Sabe, minhas férias de inverno foram dias memoráveis, saíamos dia sim dia não ou dia também, eu e um grupinho aí pra beber em alguma praça. Visitamos quase todas as praças da cidade, bebemos quase todo tipo de conteúdo alcoólico que possa vir em garrafas e o consumo de drogas era frequente. Brincavamos de 'eu nunca' e 'desafio ou desafio' e as brincadeiras sempre acabavam em putaria. Sempre aparecia algum desconhecido que acabava virando amigo e participando com a gente.
Nesses jours des vacances nos divertimos pacas, arranjamos encrenca, invadimos construções abandonadas, choramos e consolamos gente chorando, batemos o carro, gravamos videos com confissões e cenas de nudez, brigamos e nos reconciliamos, dançamos com mendigos, nos despedimos de gente que não volta mais e muitas outras coisas que eu nem lembro.
Foram os dias mais irresponsáveis da minha vida.
Quando as coisas estão muito feias, quando a vida pesa nas costas falamos que sentimos saudades desses dias. E sentimos mesmo.

Ontem eu estava com uma saudade absurda de todos amigos daquela época, de vinho 7 colinas e de pinga pura (porque nunca se lembravam q eu nao bebia coca-cola). Foi quando eu percebi que são esses os dias que não voltam mais. Que nunca, nunca mais vai acontecer de todos nós estarmos juntos de novo, foi gente brigando daqui e de acolá, se perdendo no mundo, indo pra outros cantos. E sobrou cada um sentindo saudade no seu canto.


E no fim. Todos deixamos a irresponsabilidade para aqueles saudosos dias.
[menos o pedro, mas ele pode, pode mas não deve]

enfim, eu sinto saudades. de fulano, ciclano, beltrano, beltrana, joãozinho, mariazinha e luluzinha, todos agregados e de tudo que passamos. e sinto muito por todos motivos que impossibilitam que nossos dias voltem.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rotina

Eureca! descobri qual é a minha meta pra 2010.
Rotina pode ser gostosa, descobri nos momentos desse ano em que a tornei uma exceção ao dia-a-dia.

Fora aqueles planos elaborados sobre emprego, moradia e transporte.
Em geral tudo muito colorido e alegre. (não de um jeito cine)

(Planos irreconhecivelmente otimistas.)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Letícia

Ela estava sentada no bar, conversando com Felipe, o garçom.
Enquanto dava o último gole em sua taça de vinho, Felipe alertou-a, 'Lê, sem querer te alarmar mas, o André está aí, e vindo na sua direção'.
'Sério?', ela perguntou com os olhos arregalados.
'É. Você vai ficar bem?', ele perguntou enquanto olhava de esguelha para um rapaz que o chamava de uma mesa.
'Claro que eu vou', ela respondeu enquanto ajeitava o cabelo recém cortado e preparava um sorriso verdadeiramente falso.

'Hey, Girl'. André disse com aquele sotaque Jonnhy Cash que sabia muito bem o quanto ela adorava.
'Oi', ela disse secamente com o sorriso irônico, a versão fracassada do sorriso verdadeiramente falso.
'Posso te pagar uma bebida?', perguntou apontando a taça vazia.
'Não, obrigada, não bebo mais porções absurdas de alcóol' disse enquanto cruzava os braços.
'Desde quando?' Ele ergueu a sombrancelha enquanto perguntava
'Desde hoje.' Ela teria erguido a sombrancelha se soubesse como fazê-lo.
'Ufa, já ia perguntar quem era aquela louca que me ligou do seu telefone ontem a noite'. É, ele sabia brincar de ironia também.
'Exatamente. Me desculpe. Não vai mais acontecer.', ela disse numa tentativa de encerrar a conversa.
'Então, podemos tomar um café amanhã?'
'Não, André, não podemos tomar um café.'
'Uma torta de chocolate naquela padaria que você gosta?'
Ela só balançou a cabeça.
'Assistir um filme, talvez?'
Ela balançou a cabeça mais uma vez.
'Comprar sapatos? Sapatos te deixam alegre, não deixam?'
Ela balançou mais uma vez a cabeça. Empurrando com a mão trêmula a camisa mal passada que o vestia, disse, 'Chega André, me deixa em paz'
'Você nunca mais vai falar comigo, Lê?'
'Não, vai me embora, sua Girl está te esperando em casa.'
Felipe voltava ao bar ao mesmo tempo que as lágrimas começavam a marejar os olhos azuis da menina.
'André, vai embora, você não tem mais nada pra conversar aqui.' o garçom implorou ao rapaz.
'Cara, eu só queria que ela me perdoasse'
'Aqui não tem perdão. Você não podia ter sacaneado ela.'

André foi embora carregando seu copinho plástico cheio de vodka com suco de laranja.

sábado, 26 de dezembro de 2009

So, what do we do now?

J.: Aonde você vai?
J.: Beber até morrer, pedir desculpas e aí, a vida, finalmente, vai começar.

Como eu já disse, eu não acredito que o Ano Novo mude alguma coisa. Muito menos que a vida comece de um jeito diferente. Mas hoje, eu realmente preciso acreditar. Porque minha vida está tão fodida que só me resta acreditar numa nova vida.

Esse ano todo foi uma grande e horrível viagem de fergo.
As peças foram quebrando pelo caminho, mas o fergo continuou andando. E o fergo foi atropelando pessoas, me atropelando e me carregando, me prendendo nas rodas. O fergo fede insuportavelmente. não são as pessoas que fedem, bem, algumas fedem, é verdade. Mas o fergo em si fede muito mais. As janelas são sujas, e as pessoas escrevem mensagens sentimentais pros passageiros pelo lado de fora, mas pelo lado de dentro é impossível ler.
O barulho é insuportável, mesmo com o fone de ouvido no volume máximo, o som do motor é mais alto que a musica. O parabrisa vai quebrado. Quando chove fora, também chove dentro.
Desconhecidos conversam com você, alguns contam suas histórias de vida, outros querem saber sua história, outros só te alertam sobre o que a biblia fala sobre usar saias curtas, outros tentam pegar as suas pernas (o que funciona muito mais como alerta).

E assim fui o ano inteiro, carregando roupa suja e roupa limpa, num ambiente hostil e malcheiroso. E eu não aguento mais, só preciso descer um pouco e ficar em algum lugar. Qualquer lugar que não seja aqui (não aqui físico, aqui desse jeito).

Eu preciso muito de um ano novo, de reveillér.

Je veux me réveiller! S'il't'plaît!
Je veux une nouvelle vie.


Então, mil perdões por ter fodido a vida de tanta gente. Desculpa, quem eu carreguei junto com os meus trilhos descarrilhados. Desculpa, quem eu tentei segurar pra colocar os trilhos no lugar. Desculpa, quem teve que assistir essa cena horrível sem poder fazer nada.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

o que acontece no natal

Ontem o Gregório me perguntou o que vai acontecer no Natal.
O que eu respondi, não sei se foi um resumo ou tudo que eu poderia oferecer, foi: seus primos vem pra cá, nós abrimos os presentes, comemos fartamente, dormimos e quando acordamos ganhamos mais presentes.

É a mesma coisa que todos outros dias, mas com presentes e parentes.


Qual é o lado bom do Natal mesmo? Coca-cola de 3,5 litros?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aprendi

Hoje a tarde eu tava pensando em um monte de coisas úteis que aprendi esse ano. Eram coisas tão úteis que pensei em escrever no blog. Mas agora que estou digitando não lembro de nenhuma, suponho que não sejam tão úteis assim. Ou que uma das coisas era que minha memória é péssima.

[suspiro de cansaço, muito cansaço, acompanhado da amiga insônia]

domingo, 13 de dezembro de 2009

Chronos

A apresentação, assim como o ano todo, me ensinou:
Não faça planos elaborados, eles nunca dão certo.
Não espere que tudo que você prepara seja maravilhoso, não será. (Esse serve pra bolos, almoços, eventos e encontros)

E por fim, que é feio falar palavrão na frente de crianças, elas ficam muito assustadas, choram e tudo mais.

ps: talvez eu ainda poste fotos lindas que meu lindo amigo john tirou

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Procurando

Já devo ter comentado com muita gente, porque é uma coisa que sempre acontece.
Mas o fato é que, sempre que estou a espera de algum evento importante eu começo a abrir portas e gavetas procurando alguma coisa que posso estar esquecendo.
Não só pelo fato de que eu sempre estou esquecendo alguma coisa, como pelo fato de que quando eu fico nervosa, meu cerébro se recusa a absorver qualquer informação. Já notei que é meio de família, aqui em casa é a mesma coisa.

Enfim, hoje, considerando que passou da meia-noite, é minha apresentação de ballet. E eu tô nervosa pra caralho. Assim como todos por aqui. (Minha mãe é professora de ballet e diretora geral do evento, e minha vó fica nervosa até quando alguém sai pra comprar pão)
Acabei de acabar de fazer várias listas pra deixar com várias pessoas. Anotei um zilhão de coisas que não posso esquecer de levar pro teatro. E ainda assim, eu sei que estou esquecendo alguma coisa. Eu estou sempre esquecendo alguma coisa.

Nos ultimos dias, eu voltei pra casa pra ajudar com os preparativos finais, e já notei que no final de todo o dia nós nos sentamos pra combinar o que fazer no dia seguinte. No dia seguinte nós fazemos a mesma coisa, e incrivelmente, são os mesmos itens do dia anterior. Hoje, que não tem mais dia seguinte eu notei que não liguei pra metade das pessoas que eu ia convidar, que não reservei ingressos, que nem ao menos tenho todas as roupas em casa, que ainda falta isso e aquilo e assado e cozido.

E agora eu já estou muito desesperada. E vou sair pela casa abrindo as portas de armario pra garantir que não vou esquecer nada.
Mas é óbvio que eu vou esquecer, já que as coisas que eu preciso não estão nos armários.
Eu nunca lembro de dar recado, sou uma péssima mensageira. e ainda chamo iris, a mensageira dos deuses, que coisa ridicula.


Inferno. Desculpem pela falta de nexo, mas eu to nervosa pra caralho. Além de agressiva. Inferno. Coitado de quem cruzar o meu caminho amanhã pq vai levar mordida. (espero que quem vá cruzar o meu caminho amanhã não leia isso, senão vai estar previnido.

Gente, que eu to fazendo escrevendo se eu devia estar gravando cds e arrumando malas?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Diego e Lúcia

Diego toca numa banda de rock.
Lúcia gosta de bandas de rock.

Diego gosta de dancem suas músicas.
Lúcia dança absolutamente qualquer coisa.

Diego gosta de apaixonar.
Lúcia gosta que se apaixonem por ela.

O Diego foi tocar numa festa em que a Lúcia estava. Batata.

Lúcia sentou e tirou os sapatos.
Diego se aproximou com um pretexto qualquer.
Perguntava se ela estava bem. Se gostava das músicas dele.

'É linda e ainda gosta de rock' Diego dizia com um sorriso bobo de quem descobria um pote de ouro.

Lúcia sorriu.
Diego se perdeu no sorriso.
Conversaram um tempo e no outro tempo estavam se perdendo juntos.

Diego disse que ela era a melhor coisa que acontecera em sua vida
Lúcia 'ah que gracinha, olha eu tenho que ir embora, me liga'

Diego ligou, o moço da lavanderia atendeu.
Oi, eu queria falar com a Lucia.
Chega, que inferno. Todo dia liga alguém perguntando da Lúcia, já disse que não tem Lúcia.

"Vicious, you're not good and you certainly aren't very much fun"

Clara (2)

O amigo da Clara, não a Clarah Averbuck, a Clara do post antes do anterior, foi baleado no Rio de Janeiro.
Nas palavras da Clarah: o Rio é uma morena que fode gostoso

Balas, favor parar!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Copo Vazio de Whisky

Aí eu estava numa dessas madrugadas cheias de coisas pra fazer. Querendo ou não, é fim de ano. Foi quando me dei uma pausa pra ler mais uma vez o blog da Clarah Averbuck. Semana passada tinha tirado uma pausa pra ler Máquina de Pinball, o livro de estréia dela.
A Clarah foi dessas coisas que entra na nossa vida sem querer e quando percebemos, já se tornou assunto frequente. Como as conversas, teorias e justificativas de horóscopos que povoaram as conversas em 2009, a pseudo-personagem da Clarah, Camilla, se tornou alvo de discussão entre meu G-3 (Grupo das Três) [obs: sem ofensa ao G-5]. É absurdo como cada uma de nós, com seus defeitos e virtudes se enxerga nela, e se compadece por ela, por mim, por vocês e por nós.

Enfim, o último post se refere a uma pessoa que cruzou o meu caminho num momento especial. O vocalista do Saco de Ratos e dramaturgo, Mario Bortoloto. Da última vez que fui pra Maringá, fui num lugar que não lembro o nome, contei as últimas moedinhas pra entrar e me deliciei a noite inteira com uma garrafa de corote e com o som dos caras.
O show foi incrível. Teve uma hora que ele sentou no chão segurando o copo vazio de whisky e tava chorando, ou quase chorando, ou só emburrado, quando de repente levantou e disse: Pára tudo! Uma puta lôra vai entrar por aquela porta e me servir um café.

No post, eu descobri que ele foi baleado. [mas está bem]

Bala nessas porras de lembranças desse ano do caralho. 2009 foi foda.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Clara

Clara decidiu que precisa se decidir. Colocou um prazo para cumprir medidas importantes e escolheu que medidas não tinham importância nenhuma.
Ela espera que toda sua vida esteja resolvida quando acordar no dia 1o de janeiro de 2010. Todos trabalhos entregues, todos projetos encaminhados, cinco quilos a menos e sem nenhuma ressaca.

Boa sorte, Clara. E feliz ano novo.

ps: Clara vem dizendo todos os dias que no ano que vem tudo será diferente. Disse que não acorda mais naquela cama. Boa canceriana que é, afirma que não entregará seu coração. Eu, boa escorpiana com ascendente em sagitário, lhe digo: vai ser tudo a mesma merda, e se não for, vou dar um jeito pra que seja. Ah, e Clara, você sabia que eu não acredito em ano novo? Acho que a vida toda é um processo exaustivo para o qual não se deve, nem se pode, aplicar linearidade.

Fuck it