terça-feira, 28 de julho de 2009

Continua

O Rio de Janeiro, mais que um lugar foi um estado de espírito.
Tudo, absolutamente tudo, maravilhoso, absolutamente maravilhoso.
Onde, estranhamente, a sorte esteve comigo, a vontade foi realizada, a música foi ouvida.
Se eu, ou qualquer um de vocês tivesse paciência eu poderia até descrever as mágicas cariocas. Poderia dizer como foi incrível desde o primeiro momento em que pisei na areia, até o momento em que limpei meu pé pra entrar pela última vez no onibus.

A verdade é que a maior viagem não foram as 20 horas de ida e as 20 horas de volta, mas sim a diferença entre carregar a mala no dia 21/07 as 7h30 da manhã, carregando esperança por dias melhores, e carregar a mala de volta pra casa no dia 27/07 as 8h da manhã, sob chuva, carregando somente lembranças e algumas lembrancinhas misturadas à roupa suja.

Será que o Rio de Janeiro continua lindo?

sábado, 18 de julho de 2009

tenho medo

ok, eu tbm já cansei de constatar q cinemas me deixam memorialista, mas

Hoje eu fui no cinema do shopping (sim, aqui temos só um shopping, que foi vendido pro Edir Macedo) assistir harry potter 6. Eu raramente, mas muito raramente vou no cinema do shopping, a ultima vez tinha sido pra assistir harry potter 5.
Não sei se vcs sabem, mas houve uma época em que eu era pottermaníaca. Eu comprava os livros no dia que eram lançados em inglês e lia em poucos dias. Eu usava argumentos como "mas o harry não faria isso". Era bastante patético. Mas de certo modo, eu era feliz.
Enfim, eu guiei minha construção de caráter com todas aquelas características admiradas nele, ou em qualquer outro personagem. Coragem, dedicação, gentileza, amizade e toda essa pataquada.
Eu passei muito tempo acreditando em todas essas coisas. E hoje enquanto assistia o filme, vendo todas aquelas situações que me fariam sentar e chorar, me estapeei mentalmente dizendo 'olha q boba iris, e vc nao tem coragem nem de subir nas costas do Jorge e girar?'

Pois é, eu que dizia 'medo pra que? do chão não passa' descobri a esse ponto da vida que tenho medo de proximidade com o teto, de altura, de cair, ou do que mais quiser chamar...

sábado, 11 de julho de 2009

Estorvo

Eu acordo desorientada e tossindo,
passo o dia desorientada e tossindo.

As vezes me distraio assistindo Charlie e Lola,
ou indo ao ballet,
ou comendo,
ou jogando baralho.

As vezes eu falo que vou estudar e durmo.
As vezes eu acordo pra assistir tv.

E então, quando todo mundo dorme,
eu me fecho no meu quarto com esse livro que me faz tossir ainda mais
e me sinto um estorvo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ultraviolence é pra quem pode, não pra quem quer.

Ultimamente tenha achado que tolchokear, matar ou quebrar a reitoria não é uma idéia assim tão absurda.
Toda essa idéia de ultraviolence que anda cercando meus pensamentos surgiu de uma observação muito simples.
É assim: na primeira semana de RI a gente lê Maquiavel e toma como verdade absoluta seu conceito de Estado, porque, afinal de contas, se não houvesse Estado não haveria RI e porque estávamos deslumbrados com a universidade e o professor Marcelo fala manso e te faz acreditar no que ele fala. Enfim, Maquiavel pega (-pega o que? -ok, ele não pega nada) e fala que o que legitima o Estado é o monopólio da violência.
Eu pensei, é claro, é óbvio. Afinal, o homem é o lobo do homem e precisa do Estado pra controlar as relações da sociedade (Hobbes). Indo mais além, cada indivíduo precisa garantir a sua propriedade e se valesse a lei do olho por olho do ‘estado de natureza’ o mundo acabaria cego (Rousseau). Logo, cada indivíduo, individualmente precisa do Estado para garantir a sua propriedade.
Eu realmente nunca acreditei nessa besteira toda (propriedade, Estado, estado de natureza, individualismo e muito menos monopólio e professor Marcelo), mas conseguiram me convencer que a violência deveria ser exclusiva do Estado.

Até que lendo Laranja Mecânica me deparei com um pensamento do Meu Humilde Narrador e Amigo. Enquanto exibiam aqueles filmes de atrocidades (tolchoks, fogo, krovvy-red e o velho entra-sai-entra-sai) e injetavam remédios que o faziam se sentir mal, ele se perguntava algo do tipo ‘poxa, como será que eles fizeram essas cenas parecerem tão reais? Afinal, sendo um filme do governo, eles não permitiriam que isso acontecesse’.

Ah, meus amigos, aí eu fiquei cabreira. Mesmo sendo um delinqüente juvenil, Alex estava certo. Me fez pensar na polícia na USP, nas nossas discussões de comando de greve sobre ‘fora polícia do mundo’ que foi colocado sem autorização no blogue, na necessidade de segurança e no que torna o mundo inseguro (“também trazem a dúvida de quem é que está nessa prisão”, né)

Eu já estava sugestionada, quando liguei o canal 37 da TV a cabo de Assis e vi as imagens ao vivo de um cruzamento da avenida principal, com um letreiro com algo sobre ‘segurança 24h’. Exclamei “Tchau, privacidade do cidadão assisense. Quando eu sair, você liga nesse canal que eu te dou um tchauzinho, vó”.

A minha suspciosidade (do inglês, suspicious, sacou?) só aumentou quando fui assistir Che. Apesar das minhas críticas ao filme (é que eu achava que qualquer filme sobre ele deveria fazer todo mundo pensar que o buraco é muito mais embaixo, e nem este, nem aquele outro da fotografia bonita, o fazem). Enfim, num pronunciamento na ONU ele pergunta “porque vocês decidem quem pode usar violência e quem não pode?” ao algo assim.

E então, como uma boa estudante de RI, concluo: o monopólio da violência internacional é a hegemonia dominante. Como uma estudante de RI que tem como preferência a antropologia, advirto: O conceito de hegemonia já é o típico pensamento de colonizador/colonizado. Pra que essa hegemonia seja superior, os outros países devem se colocar como inferiores. Como uma pessoa que faz amplo uso de palavras de baixo calão, digo: porra de sistema internacional do caralho. Como uma grevista frustrada com ambições revolucionárias, os lembro: O buraco é muito mais embaixo.

“quando um povo odeia seu governo, não é difícil tomar uma cidade” - Che

sábado, 4 de julho de 2009

Che Guevara, ultraviolence e pulgas.

Ontem eu fui no pulgas. Gosto muito do pulgas. Assisti filmes muito bons com companhias muito boas. A frequência com que eu o frequentava tornou a infrequência quase dolorosa.



Não sinto saudades de sentar nas cadeiras com encosto de madeira e almofadado rasgado, ou das pulgas subindo pelas pernas.

Eu sinto saudade de conhecer gente diferente, que acabariam se tornando amigos para sempre, e acabar dançando break na praça.

Eu sinto saudade de esperar minha mãe me buscar no ponto de onibus conversando sobre as ultimas novidades com as amigas, que acabariam por desaparecer da minha existência.

Eu sinto saudade do milk shake de leite ninho e da tapioca de chocolate com pimenta.

Eu sinto saudade de sentar naqueles sofás fofões azuis e verdes e pensar 'porra, esse filme foi do caralho, really horrorshow'.



Eu sinto saudade de como começavam aquelas noites e sinto saudade de como acabavam aquelas noites.



agora fiquei com a impressão de que as noites de cinepulga se tornarão não mais do que anotações críticas no meu caderno, criticadas por que não sabe do que escrevo, com amargura de deixar os amigos depois do filme, e a amargura de chegar em casa e ver no blog de outros amigos a amargura de deixar o cinema antes do filme.
Pedro que não tem o peito do pé preto, tira esse azedume do teu peito e com respeito tente tratar a sua dor, eu ajudo.

obs: quanto ao ultraviolence do título, depois eu escrevo, é por que sei que vai ficar comprido e, como sabem, minha vida é guida pela preguiça.