sábado, 30 de outubro de 2010

duas 'etnografias'

Sábado fui numa festa de 15 anos. Segunda fui numa festa de 4 anos.

A de sábado, na verdade, nem era um aniversário. O dono da festa aniversariou seus 15 anos em dezembro do ano passado. Mas vinha preparando essa comemoração talvez desde aquela época. Um desses jovenzinhos que, embora não mantenham a mensalidade do colégio em dia, acham de extrema importância demonstrar ostentação a seus coleguinhas, oferecendo bebidas sofisticadas preparadas por bartenders musculosos à menores e chamando-os para a pista de dança, onde se quebram copos e esfregam corpos ao som dessas coisas que se toca hoje em dia, Lady Gaga suponho. Enquanto a família, reunida em volta da mesa de frios, observa enquanto as meninas, vestidas de maneira muito semelhante (não pude deixar de notar que a maioria pegou uma saia curta e puxou-a pra cima dos peitos passou a intitulá-la vestido) sobre saltos bastante altos, circulam explorando a fauna masculina fingindo-se de excessivamente alcoolizadas. E vice-versa (sobre meninos correndo, literalmente, em busca da fauna feminina).
Muito peculiares, os jovens de hoje.

A festinha de segunda acontecia na escolinha. O aniversariante era meu irmão. 10 crianças de 2 a 4 anos comiam salgadinhos (digo, davam uma mordida e retornavam a massa mastigada à bandeja), bebiam refrigerante (digo, derrubavam-o sobre a toalha de mesa), conversavam entre si e faziam fila pra subir no tobogã. Estas interagem com muito mais facilidade entre si e com os desconhecidos (eu, no caso) do que os jovens citados anteriormente. As meninas brincavam de fazer penteado e diziam que estavam se preparando para um casamento. Apontavam uma menina para ser a noiva, e outro menino para ser o noivo. O noivo escolhido dizia que não poderia se casar, porque seria dentista. Outro menino dizia que seria médico e pegava um chinelo, que serviria de bisturi e começa a simular um corte na barriga de uma menina deitada, enquanto dizia que estava fazendo um parto muito complicado, pois o bebê estava muito fundo. O tal obstreta, anteriormente, havia experimentando um a um o sapato de todas outras crianças, espalhados pelo cimento. Após cantar parabéns e comer os docinhos (digo, remexerem com o garfinho plástico no pedaço de bolo e devorarem os brigadeiros), foram todos de volta pra sala de aula, onde se espalharam deitados no colchão e no tapete para descansar de tamanha diversão. Os familiares do aniversariante, como é de praxe permaneceu sentada em meia-lua comentando sobre o calor que os acometia. Menos meu pai que puxou papo com as crianças e recolheu o lixo do chão, minha irmã que se manteve num canto, e minha mãe que estava ocupada servindo as crianças e posteriormente, escorregando no tobogã.
ps: na hora do parabéns, digo, no 'com quem será' a professora que estava guiando a brincadeira perguntou "quem vai casar com o Gregório?" e um dos meninos prontamente levantou a mão dizendo "eu, eu, eu!" a professora retrucou "não, você não pode" e ninguém mais queria casar com o Gregório. "melhor, né mãe?" a professora ironizou sorrindo para minha mãe.
Muito peculiares, as crianças de hoje.
Os adultos também, afinal de contas.