quinta-feira, 31 de março de 2011

monoassunto

(ou sobre a pessoa chata que tenho sido por isso ser mais chato que eu)

Me encontram no corredor e perguntam disso. Estou almoçando com alguém e falo disso. Durante a aula todos falam de outra coisa e eu cito exemplos disso. Antes de dormir estou refletindo sobre isso. Acordo no meio da madrugada e faço anotações sobre isso. Minha alergia ataca e eu logo suponho: deve ser por causa disso. As pessoas preocupadas me perguntam: nossa, o que é isso; e eu respondo: nossa, é por causa disso.

E isso tem me incomodado muito. Isso me faz duvidar do bom senso que eu sempre atribuí para humanidade. Isso me faz perguntar se é meu exagero ou isso é mesmo tão ruim como estou sentindo agora. E eu sinto que isso tomou conta de todos meus espaços. Isso se apossou propositadamente de tudo que me é mais querido e eu quero isso fora de mim, da minha vida e da minha casa o quanto antes.

Isso, por favor, crie vergonha na cara e desapareça daqui porque nada que eu já tivesse encontrado me deixou tão paranóica, tão monoassunto, tão cricri, tão mal-humorada, tão ressentida, tão impaciente, tão doente.

O pior é que esse espaço é meu, nem deveria estar pedindo isso. Não devia ter que inventar estratégias pra te deixar desconfortável e ir embora. Não devia ter que conversar sobre isso com mais ninguém. Não devia ficar alérgica. Não devia me atrasar pra aula porque preciso muito falar mais um pouco sobre isso, como se não bastasse o almoço, os corredores, as aulas e minhas horas de sono.