quarta-feira, 29 de abril de 2009

determinada a

determinada a dormir cedo. (droga, notei que tenho falado muito "estava determinada a [insira aqui algo que eu poderia fazer mas não faço] mas daí...") enfim, eu estava determinada a dormir cedo, finalmente eu estava com sono, já estava pescando no sofá esperando por alguém pra conversar. daí eu fui pra cama, tinha gente conversando no portão e eu fiquei prestando atenção, todas luzes se apagaram e meu sono sumiu. eu queria ouvir a música que estava na minha cabeça. minha cabeça doía, como só dói em dias de ressaca (e eu não estou de ressaca). inferno, pensei. liguei o computador: 1:11. inferno, pensei. peguei minha agenda pra anotar coisas que eu sabia que ia esquecer se não escrevesse. [o sino do vizinho não pára, inferno] então, eu achei escrito espalhados numas páginas " ... quanto mais escreverei, serei feliz, serei intolerante, serei íntegra? bulhufas. serei só mais uma a escrever besteira na agenda. é que virar as páginas sem colocar a fitinha no meio me satisfaz. o menino entrando no carro parece o ex da kamz. e eu escrevendo na escada pareço a ex-iris ..." 24/04 20:35. eu nem entendi direito o que estava pensando, se é que estava pensando. não sei quais os conceitos de felicidade, intolerância e integridade eu me referia, talvez a alguma fixação (tinha escrito 'algo que está presente em toda parte, que todas bocas falam e minha boca grita pelas madrugadas', mas notei que era redundante). [o sino do vizinho não pára, inferno] o que me chamou atenção foi o 'ex-iris'. como uma minha referência a atitudes (ou ausência de atitudes) que marcaram certos momentos da minha vida, mais especificamente, momentos de querer fazer muita coisa e me resignar a sentar num canto semi-escondido e escrever. momentos em que ninguém olha pra mim, que ninguém vê a menor diferença no que eu possa estar escrevendo, que eu sou só mais um corpo inerte, com os olhos mortos ocupando um lugar no espaço que seus pés poderiam ocupar. [o sino do vizinho não pára, inferno] passei anos assim, desde 1997 quando comprei meu primeiro diário, que levava pra escola e onde me escondia dos recreios cheios de bolo Ana Maria e brincadeiras de Balança Caixão, passando por 2003 quando os recreios chamavam intervalo e eram cheios de bolacha Trakinas e Cadelagens, até 2005 quando eu finalmente troquei diários/agendas/folhas avulsas/blogues/e-mails por gente de verdade (sim, foi você, ela e a biblioteca que mudaram minha vida e me fizeram quem eu sou, entenda como: uma pessoa muito mais feliz).
minha linha de pensamento foi: por que diabos eu sentei na escada pra escrever ao invés de fazer alguma coisa? por que eu tomei essa [in]atitude tão escolar? é falta daqueles dias de brincadeira na biblioteca, onde o relógio marcava sempre 11:11? é uma retrospecção aos tempos de bullying (detesto usar esse termo)? é porque eu tinha assistido um fime muito denso tomando uma bebida com gruminhos ainda mais densos? não sei, só sei que não foi uma sensação gostosa.[o sino do vizinho não pára, inferno, deve ser isso que me dá dor de cabeça]



você vai me ajudar
traga a garrafa
estou desmilinguido
cara de boi lavado
traga uma corda irmão
- cazuza

Um comentário:

O dono do açucareiro disse...

caramba, 0.0, mto emocionante! gostei mto (olhos brilhando. auhsf)eu me sinto no seu lugar, mas com uma varanda pra sentar no lugar da escada, lembrando de qndo catávamos amora na árvore bi-centenária e nos cumprimentando com amoras na mão. vc faz falta.